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“Desqualificação do trabalho” na origem dos problemas com viaturas médicas

08 abr, 2014

Bastonário da Ordem dos Médicos revela à Renascença o caso do hospital de Gaia, que propôs aos médicos o pagamento de menos de seis euros à hora. “Não compensa o risco”.

O problema da falta de profissionais nas viaturas médicas de emergência rápida (VMER) está na desqualificação do trabalho médico, afirma à Renascença o bastonário da Ordem dos Médicos.

“Houve uma desqualificação tão grave do trabalho médico, que temos médicos a emigrar mesmo em especialidades que fazem falta em Portugal e há dificuldade na contratação para uma missão de alto risco, de elevada complexidade e de grande exigência, como as viaturas médicas de emergência e reanimação do INEM”, critica José Manuel Silva.

O valor pago a estes profissionais, refere, não justifica o acréscimo do horário nem o risco. José Manuel Silva dá o exemplo do hospital de Gaia, onde foi proposto aos profissionais 12 euros por hora brutos, “o que, depois de retirados os impostos, ficava em pouco mais de seis euros”.

“Não justificava o elevado risco e grande complexidade e trabalho técnico extremamente exigente que os médicos têm de desempenhar nessas funções”, reforça.

As declarações do bastonário da Ordem dos Médicos conferem a queixa, ouvida também na Renascença, do vice-presidente da Ordem dos Enfermeiros, Bruno Noronha, segundo o qual a redução do valor pago aos profissionais das VMER pode estar origem dos problemas de falta de tripulantes destas ambulâncias.

No domingo, a viatura de emergência médica do hospital de Évora não pôde acudir duas pessoas vitimadas por um acidente de viação por não haver profissional qualificado disponível. O único existente estava doente.

As pessoas tiveram de ser transportadas para o hospital pelos bombeiros e acabaram por morrer.

Esta terça-feira a VMER de Évora está de novo parada, agora até às 16h00, mais uma vez por falta de profissionais.