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Enfermeiros descrevem cenário “caótico” nas urgências das Caldas

31 mar, 2014

Doentes ficam semanas a fio nos corredores e a quantidade de macas pelo caminho dificulta significativamente a passagem aos profissionais. Direcção garante estar a estudar soluções.

A Ordem dos Enfermeiros (OE) descreveu como "caótico" o funcionamento das urgências nas Caldas da Rainha, com o acumular de cerca de 50 macas nos corredores.

"Um serviço de urgência caótico, com 30, 40, 50 macas quase em permanência [nos corredores] do serviço de urgência" é o cenário descrito por Isabel Oliveira, presidente da secção regional do Centro da OE, na sequência de uma visita efectuada ao Hospital das Caldas da Rainha.

A enfermeira refere que a situação não é nova, mas que se agravou desde Outubro, quando o Hospital de Alcobaça (que até então integrava, tal como o das Caldas da Rainha, o Centro Hospitalar do Oeste - CHO) passou a estar ligado ao Hospital de Santo André, em Leiria.

A insuficiência da rede de cuidados continuados e as reduzidas infra-estruturas de apoio são outros dos factores que Isabel Oliveira considera agravarem o problema das urgências, cuja média de idade dos utentes ultrapassa os 80 anos. "Os serviços de saúde ainda não se adaptaram à necessidade de dar resposta a estas pessoas mais idosas e que têm necessidades de saúde específicas", sublinha a enfermeira para quem "os serviços de urgência estão a ser transformados em serviços de internamento sem que para tal existam condições".

Tanto mais que, acrescenta, "há um aumento dos utentes de lares na urgência" pelo facto de muitos lares não terem "serviços médicos ou de enfermagem que permitam prevenir este tipo de situação".

O serviço depara-se assim com "falta de condições para os doentes e para os profissionais" que, segundo a Ordem, "chegam a ter situações em que o número de macas nos corredores é tão extenso que eles nem sequer conseguem passar para socorrer as pessoas em tempo útil".

Contactada pela Renascença, a direcção do Centro Hospitalar não desmente as denúncias da Ordem dos Enfermeiros e diz que a urgência das Caldas da Rainha está a dar resposta a problemas sociais que não são específicos do serviço.

Garante, no entanto, que  está a trabalhar em conjunto com a tutela para encontrar soluções para esta realidade e para  melhorar as condições de permanência dos doentes na urgência. Entre as soluções em cima da mesa estão projectos como a requalificação de uma área do serviço de urgência e a criação de mais dez camas para responder a necessidades pontuais de internamento.