Emissão Renascença | Ouvir Online

Hospitais promovem rastreios ao cancro da cabeça e do pescoço

24 set, 2013

A doença mata três portugueses por dia. “As pessoas não estão sensibilizadas. Quando intervimos, a doença já está numa fase muito avançada”, explica um especialista. O consumo exagerado de álcool e tabaco são os maiores factores de risco.

Mais de 20 hospitais de todo o país promovem, na quarta-feira de manhã, rastreios gratuitos ao cancro da cabeça e pescoço, no âmbito de uma campanha europeia que alerta para a importância do diagnóstico precoce.

"Se tem pelo menos um destes sintomas há mais de três semanas, consulte imediatamente o seu médico" é o mote da campanha que decorre entre os dias 23 e 27 em onze países europeus: Portugal, Espanha, Itália, Alemanha, França, Inglaterra, Polónia, Turquia, Dinamarca, Finlândia e Holanda.

Por cá, é organizada pelo Grupo de Estudos do Cancro de Cabeça e Pescoço (GECCP), em colaboração com Sociedade Europeia de Cabeça e Pescoço (consulte aqui o site para saber os hospitais onde pode fazer o rastreio).

Todos os anos surgem em Portugal cerca de três mil novos casos, com "uma taxa de mortalidade altíssima", próxima dos 60%, adiantou o presidente do GECCP, Jorge Rosa Santos.

"Os doentes prolongam a doença sem recorrer a centros de referência e a centros especializados e quando intervimos a doença já está numa fase muito avançada, o que implica uma taxa de mortalidade muito alta e um tratamento altamente mutilante, com redução da estética do doente e das suas capacidades funcionais e a consequente quebra da qualidade de vida do doente", explica à agência Lusa.

Se estes doentes fossem detectados numa fase precoce, adianta, os tumores eram curáveis em 95% dos casos e com "uma mutilação mínima".

Mas "as pessoas não estão sensibilizadas para o cancro da cabeça e pescoço – que abrange todos os tumores nesta área anatómica, com excepção dos tumores crânio encefálicos. Nem conhecem esta designação", lamenta.

E o desconhecimento não ocorre só em Portugal: no ano passado, um estudo concluiu que 77% da população europeia desconhecia este cancro.

Foi por isso que surgiu a campanha europeia "The Make Sense Campaign", que chama a atenção para os sintomas, factores de risco e formas de prevenção da doença.

A resposta da maioria dos hospitais portugueses foi "excelente”.

O consumo exagerado de álcool e tabaco são os maiores factores de risco para o aparecimento desta doença: 85% das vítimas são fumadores ou ex-fumadores.

As relações sexuais não protegidas e com vários parceiros também aumentam a probabilidade de contrair vírus do papiloma humano (HPV), que está directamente ligado ao cancro oral e da garganta, alerta a médica do IPO Lisboa e membro do GECCP Mariluz Martins.

"Infelizmente, temos cada vez mais jovens afectados por esta doença", revela.

Os sintomas são variados e podem passar por rouquidão persistente, dor de garganta, úlceras ou manchas na boca e dificuldade em engolir.

Estimativas para 2020 indicam que a incidência desta doença, que mata três portugueses por dia, pode aumentar 30%, devido ao crescimento e envelhecimento da população mundial.