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Que tesouros guarda a diocese de Évora? Agora já sabemos

28 out, 2014 • Rosário Silva

Durante 12 anos, especialistas analisaram, com olho clínico, o património da diocese. Descobriram muitas peças valiosas, algumas das quais estavam guardadas em armazéns e arrecadações.

Que tesouros guarda a diocese de Évora? Agora já sabemos

Durante 12 anos, uma equipa de profissionais de várias áreas efectuou o levantamento, o estudo e a catalogação do património artístico da Diocese de Évora, num projecto desenvolvido por iniciativa da Fundação Eugénio de Almeida (FEA). Os números não estão fechados, mas animam o coordenador do projecto: foram inventariadas mais de 24 mil peças.

"Há agora uma ideia global do que existe em termos de arte sacra na arquidiocese", diz à Renascença Artur Goulart, satisfeito com o resultado de um levantamento exaustivo que passou por 158 paróquias de 24 concelhos.

Só no final do ano deverão surgir os números finais, mas já foram inventariadas mais de 24 mil peças, cerca de 31 mil unidades de descrição em arquivo e mais de 155 mil imagens de instituições religiosas.

Pintura, escultura, alfaias litúrgicas, têxteis, joalharia, numismática, azulejaria, documentos de arquivo e livros antigos, nada escapou ao olho clínico de especialistas em história do património, história da arte e ciências documentais.

Pelo meio, encontraram muitas surpresas, diz Goulart: "Descobrimos imagens muito antigas dos séculos XVI e XVII, algumas desprezadas, outras guardadas em armazéns e arrecadações. Havia uma quantidade de ex-votos, sobretudo jóias que são muito boas e eram desconhecidas".

O que fazer com este património? "Seria bom que, num sítio ou outro, as paróquias se juntassem para dar uma utilidade aos objectos". Goulart considera que seria, igualmente, importante aproveitar o património para exposições ou para a própria catequese e evangelização.

"Funcionaram como objectos de actos religiosos. Por que não aproveitá-los para dar a conhecer às pessoas a sua história, perceber o que foi a fé dos seus antepassados?"

Património de todos
O presidente do Conselho de Administração da Fundação Eugénio de Almeida, por seu lado, salienta que "às milhares de peças que a Igreja reuniu ao longo dos tempos para servirem de esteio de evangelização e de mediador da devoção dos fiéis, soma-se o valor histórico, cultural, artístico, pastoral e espiritual intrínseco deste património", que, sendo propriedade da Igreja, "a todos pertence".

"Foi por isso que quisemos desenvolver este projecto", refere ainda o Cónego Eduardo Pereira da Silva, "para que esta marca permaneça indelével, para que este legado do passado seja apreciado e vivido hoje, tornando-se por sua vez a herança que será deixada às gerações vindouras".

A FEA divulga, esta quinta-feira num colóquio, em Évora, os resultados do inventário artístico da arquidiocese.