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Porto

Ninguém quis comprar a Casa Manoel de Oliveira

07 mai, 2014

Cerca de dez minutos depois do seu início, a hasta pública foi declarada deserta.

Ninguém quis comprar as duas fracções da Casa Manoel de Oliveira, que a Câmara do Porto tentou vender esta quarta-feira, em hasta pública, pelo valor global de pelo menos 1,58 milhões de euros.

O leilão decorreu num imóvel municipal situado na Rua do Bolhão, mas não houve qualquer licitação para nenhum dos edifícios que compõem o equipamento projectado há cerca de duas décadas pelo arquitecto Eduardo Souto Moura para acolher o espólio do cineasta Manoel de Oliveira.

Cerca de dez minutos depois do seu início, a hasta pública foi declarada deserta e, nestes casos, o Código Regulamentar do Município prevê o prazo de um ano para eventuais interessados apresentarem propostas de compra cujo valor não pode ser inferior a 5% do valor base de licitação definido.

Concluído há 11 anos, o imóvel situado na Foz foi projectado para ser residência e museu do cineasta mas nunca foi utilizado e, em Novembro, a família de Manoel de Oliveira assinou com a Fundação de Serralves um protocolo para acolher o seu espólio na instituição.

O executivo liderado pelo independente Rui Moreira decidiu, então, vender separadamente as duas fracções do “imóvel denominado de Casa Manoel de Oliveira”, uma destinada “a equipamento cultural”, outra definida como “habitacional”.

Casa nunca foi usada
Rui Moreira justificou a 22 de Abril a venda do equipamento com o facto de não fazer sentido “manter uma casa que nunca foi utilizada”, recordando ser conhecido o projecto de construção de um edificado para Manoel de Oliveira em Serralves.

O projecto da casa na Foz foi lançado em 1998 e a obra ficou pronta em 2003, ano em que a Câmara do Porto era já liderada pelo social-democrata Rui Rio.

Nunca foi formalizado um acordo com o realizador para o uso da casa e, em Novembro de 2013, a Fundação de Serralves assinou um protocolo com a família de Manoel de Oliveira para instalar o espólio do cineasta no extremo nordeste do Parque de Serralves.

Em entrevista à Renascença, em Novembro de 2013, o vereador da Cultura, Paulo Cunha e Silva, afirmou ser objectivo do executivo "passar de uma política de espaços para uma política de conteúdos". "Temos espaços a mais e não temos conteúdos para os preencher. Temos que alienar alguns desses espaços para tentar investir nos conteúdos. E a Casa do Cinema, que já não é 'Manoel de Oliveira', é um problema com o qual estamos a lidar."