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Associação de Faro quer livros confiscados pelos ingleses há 400 anos

04 jan, 2014

Associação de Defesa e Promoção do Património Ambiental e Cultural de Faro (FARO 1540 é uma organização não-governamental (ONG) para quem não faz sentido aqueles livros estarem fora do país.

A associação de defesa do património de Faro quer reaver para a cidade uma colecção de livros confiscada por tropas inglesas em 1596, quando a cidade foi saqueada e incendiada sob o comando do conde de Essex.

"Decidimos reclamar o que é da cidade através de uma moção votada pela nossa assembleia geral e da qual foi dado conhecimento ao governo britânico e à Universidade de Oxford", avança o presidente da associação Faro 1540, Bruno Lage, à agência Lusa.

Constituída por 65 títulos (de um total de 91 volumes), a então biblioteca que pertencia ao bispo do Algarve está depositada na Bodleian Library, da Universidade de Oxford desde 1602.

De acordo com Bruno Lage, apesar de nunca se ter conseguido confirmar que o exemplar do Pentateuco (livro religioso), que se encontra na British Library, a associação aproveitou para pedir também a sua devolução.

Ao que se sabe, é a única cópia conhecida do Pentateuco existente e terá sido o primeiro livro impresso em Portugal, pelo editor judeu Samuel Gacon, operador da primeira oficina tipográfica em solo português, situada em Faro.

"Nós daríamos inevitavelmente muito mais valor a isso [ter o Pentateuco] do que a própria biblioteca onde está, que deve ter milhares de livros e com certeza muito mais importantes do que este", considera o responsável.

Lembrando que Portugal e Inglaterra têm uma das mais antigas alianças diplomáticas do mundo, o presidente da Faro 1540 considera não fazer sentido que, até hoje, aquele património se encontre fora do país.

O episódio em que a cidade de Faro foi incendiada e saqueada pelas tropas do conde de Essex é considerado um dos mais negros da história da capital algarvia, elevada a cidade no ano de 1540.

A FARO 1540 – Associação de Defesa e Promoção do Património Ambiental e Cultural de Faro foi criada em 2009 e tem o estatuto de organização não-governamental (ONG) de património e ambiente. Tem 250 associados.