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D. Manuel Clemente salienta fraqueza física, mas não mental do Papa

11 fev, 2013

O bispo do Porto esteve no sínodo dos bispos, em Outubro, e recorda-se de um Bento XVI com evidente fraqueza física, mas absolutamente capaz do ponto de vista mental.

D. Manuel Clemente salienta fraqueza física, mas não mental do Papa

O Bispo do Porto, D. Manuel Clemente, encara a decisão do Papa como um “testemunho de coragem e de verdade”.

Em declarações à Renascença, o Bispo do Porto não deixa de se mostrar surpreendido - “não estava minimamente preparado para a receber [a notícia da resignação], ainda estou a absorver tudo aquilo que ela possa significar" -, mas sublinha que esta decisão “é reveladora de um testemunho de sabedoria, de coragem e de verdade com que Bento XVI assumiu as funções tão difíceis de sucessor de Pedro”.

D. Manuel Clemente esteve, recentemente, na presença do Papa, durante o sínodo dos bispos para a Nova Evangelização, em Outubro, e diz que era evidente uma grande fadiga física do Papa, embora, mentalmente, tudo estivesse em ordem com Bento XVI.

“O Papa revelou algumas dificuldades de locomoção, ao mover-se de um lado para o outro com o apoio ou da bengala ou de alguém que o ajudasse. Mas ele tinha uma atenção muito grande aos trabalhos, ele seguia todas as intervenções. Nas intervenções em que esteve presente, e foram muitas, demonstrava muita sabedoria nas suas intervenções espontâneas", recorda o Bispo do Porto.

Decisão rara
O Bispo do Porto, que é formado em História da Igreja, explica que esta não é uma decisão inédita num Papa: “[É] rara, mas não única, temos mais casos de Papas que, por uma razão ou por outra, renunciaram ao seu ministério. No caso dele, é assim, e temos que compreender complexidade do exercício do ministério de Pedro no mundo de hoje".

"Esta maior complexidade dos problemas e a maior disponibilidade que exigem levou o Papa a tomar esta decisão que só temos de respeitar", sublinha D. Manuel.

A inevitável comparação
Na hora em que o Papa resigna por razões de saúde, é quase inevitável pensar no exemplo recente de João Paulo II. Na perspectiva de D. Manuel Clemente, contudo, não há motivo para se estabelecer comparações entre a forma como João Paulo II e Bento XVI enfrentaram a debilidade física e a própria doença. Para o Bispo do Porto, as duas atitudes são reveladoras de um espirito de missão.

“João Paulo II, através de um exemplo de sofrimento, revelou que o seu ministério era um serviço ligado à cruz”, diz D. Manuel, acrescentando que Bento XVI reconhece a sua debilidade num contexto de “grande complexidade em que o exercício do ministério de Pedro tem no mundo de hoje", que é "mais complexo e com uma grande quantidade e variedade de problemas”. Em síntese, as duas decisões são de “grande verdade e muito estimulantes para o mundo inteiro”.