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China e Síria em destaque na mensagem de Natal de Bento XVI

25 dez, 2012 • Filipe d’Avillez

Reflexão sobre a frase “A verdade germinou da terra”, retirada de um salmo lido na liturgia de hoje, dominou a bênção Urbi et Orbi de 2012.  

China e Síria em destaque na mensagem de Natal de Bento XVI
Reflexão sobre a frase “A verdade germinou da terra”, retirada de um salmo lido na liturgia de hoje, dominou a bênção Urbi et Orbi de 2012. O Papa recordou de forma especial o Médio Oriente na sua tradicional mensagem Urbi et Orbi, lida no Vaticano. Com destaque especial para a Síria, o primeiro país mencionado por Bento XVI, também se rezou pela paz no Egipto e na Terra Santa.
O Papa recordou hoje de forma especial o Médio Oriente na sua tradicional mensagem Urbi et Orbi, lida no Vaticano.

Com destaque especial para a Síria, o primeiro país mencionado por Bento XVI, também se rezou pela paz no Egipto e na Terra Santa.

“Que a paz germine para o povo da Síria, profundamente ferido e dividido por um conflito que não poupa sequer os inermes [desarmados], ceifando vítimas inocentes”, pronunciou o Papa.

“A paz germine na Terra onde nasceu o Redentor; que Ele dê aos Israelitas e Palestinianos a coragem de por termo a tantos, demasiados, anos de lutas e divisões e empreender, com decisão, o caminho das negociações.”

A situação no Egipto, actualmente a braços com a discussão sobre a nova Constituição, também não foi esquecida: “Nos países do norte de África, em profunda transição à procura de um novo futuro – nomeadamente o Egipto, terra amada e abençoada pela infância de Jesus –, que os cidadãos construam, juntos, sociedades baseadas na justiça, no respeito da liberdade e da dignidade de cada pessoa.”

O Papa mandou também um importante recado para a China, onde recentemente tomou posse uma nova liderança política: “Que o Rei da Paz pouse o seu olhar também sobre os novos dirigentes da República Popular da China pela alta tarefa que os aguarda. Espero que, no desempenho da mesma, se valorize o contributo das religiões, no respeito de cada uma delas, de modo que as mesmas possam contribuir para a construção de uma sociedade solidária, para beneficio daquele nobre povo e do mundo inteiro.”

Também se fez referência aos países africanos em guerra, nomeadamente ao Mali, Congo, Quénia e Nigéria, onde o terrorismo tem vindo a fazer vítimas, nomeadamente entre os cristãos.

A primeira parte do discurso de Bento XVI foi de natureza mais teológica, com uma reflexão sobre a frase “A verdade germinou da terra”, retirada de um salmo lido na liturgia de hoje. O Papa socorreu-se de Santo Agostinho para interpretar a importância desta profecia, realizada com o nascimento de Jesus, citando a seguinte passagem: “Que é a verdade? O Filho de Deus. Que é a terra? A carne. Interroga-te donde nasceu Cristo, e vê por que a verdade germinou da terra; (...) a verdade nasceu da Virgem Maria”.

E de uma homilia de Natal do mesmo santo num sermão do Natal, afirma: “Assim, com esta festa que acontece cada ano, celebramos o dia em que se cumpriu a profecia: ‘A verdade germinou da terra e a justiça desceu do céu’. A Verdade, que está no seio do Pai, germinou da terra, para estar também no seio de uma mãe. A Verdade que segura o mundo inteiro germinou da terra, para ser segurado pelas mãos de uma mulher. (...) A Verdade, que o céu não consegue conter, germinou da terra, para se reclinar numa manjedoura. Para benefício de quem Se fez assim humilde um Deus tão sublime? Certamente sem nenhum benefício para Ele mesmo, mas com grande proveito para nós, se acreditarmos”.

A bênção terminou, como sempre, com uma saudação lida em várias línguas diferentes.