Emissão Renascença | Ouvir Online

Porta-voz dos bispos angolanos quer autonomia para Cabinda

06 set, 2012 • Domingos Pinto

D. Manuel Imbamba considera que as eleições em Angola foram livres e transparentes e deixa recados para a oposição.

O porta-voz dos bispos angolanos é a favor de um processo politico que dê mais autonomia a Cabinda.

No Rescaldo das eleições gerais em Angola, as terceiras desde a independência do país e as primeiras em que a Igreja Católica participa com observadores, D. Manuel Imbamba diz que esta Uma reivindicação antiga do povo de Cabinda que não pode ser ignorada pelos partidos políticos angolanos: “Cabinda sempre foi uma preocupação porque é uma reivindicação activa, e não é de estranhar que pouco a pouco se discutam e se dêem algumas prorrogativas quanto à gestão da província, as coisas tendem para aí.”

“Autonomia financeira, autonomia da própria província, gerir autonomamente os recursos fiscais da província. É um processo político que está em curso, e nenhum partido político pode passar à margem desta reivindicação em Cabinda”, adianta o Arcebispo de Saurimo.

Outro dossier que se arrasta em Angola tem a ver com a situação da Rádio Eccelsia, que está impedida de transmitir para fora de Luanda. D. Manuel Imbamba diz que há condições para ultrapassar mais este problema e espera que seja resolvido pelo novo Governo saído destas eleições: “Queremos crer que sim, com o desfecho das eleições, pelo menos do meu ponto de vista, depois deste processo eleitoral, o problema da Rádio Ecclesia será resolvido rapidamente. Há condições para isso, o diálogo nunca parou e vamos chegar a bom-porto.”

Já sobre as eleições D. Manuel Imbamba diz que o processo foi livre, transparente e credível, e “As eleições decorreram num ambiente de paz, de verdade, num grau muito elevado de civismo, e o processo no seu todo decorreu de uma maneira aceitável”.

O bispo deixa, inclusivamente, um recado aos partidos da oposição: “Não vivam apenas para as eleições, a partir de agora estejam mais presentes na vida das pessoas e das comunidades e aprendam com o povo a viver na pluralidade”.

O arcebispo de Saurimo considera que a UNITA se precipitou nalgumas criticas que fez na campanha eleitoral e não se preparou para as eleições: “A Unita, desde o início que estava muito precipitada nalgumas declarações que estava a fazer. Foi retardando até ao último momento a decisão de participar, que foi tomada mesmo à tangente. A Unita revelou alguma falta de organização interna.”

Para o porta-voz dos bispos angolanos o que importa é olhar para o futuro do país. D. Manuel Imbamba deixa algumas sugestões aos vencedores das eleições gerais: “Fazer chegar mais rapidamente os bens e os serviços indispensáveis para a emancipação do povo. Estamos num percurso de transformação do país, em termos e infra-estruturas, que é bom que continue, fazer chegar as estradas, escolas e hospitais às comunidades mais afastadas.

“Que seja um partido virado para o bem-comum, para o bem das pessoas”, conclui o arcebispo.