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Irmãs Adoradoras apostam no combate ao tráfico e exploração sexual

01 fev, 2012 • Domingos Pinto

Congregação tem mais de 600 casos sinalizados em Coimbra, agora quer replicar o trabalho noutros pontos do país.  

As Irmãs Adoradoras apuraram como prioridade máxima o combate ao tráfico humano e à exploração sexual de mulheres.

A congregação esteve reunida em capítulo, durante o qual foi reeleita a provincial. As Irmãs Adoradoras são uma congregação religiosa pioneira em Portugal no apoio às mães adolescentes, mulheres maltratadas e vítimas de violência doméstica.

Só em Coimbra e nos últimos dois anos a congregação já sinalizou mais de 600 casos de mulheres vítimas de exploração sexual, uma experiência que querem agora alargar a todo o país.

Pouco mais de duas dezenas de religiosas e três dezenas de leigos, quatro casas em Portugal e uma meta a atingir: Fazer o acompanhamento de mulheres vítimas de exploração sexual.

A ideia é identificar as regiões do país onde o fenómeno é mais preocupante e replicar, ou se possível melhorar, o trabalho que está a ser feito em Coimbra, que é bastante exigente diz a Irmã Júlia Bacelar, vice-provincial das Irmãs Adoradoras: “São aproveitadas para a exploração sexual, seja em casas de alterne, seja na prostituição. Em Coimbra temos cerca de 600 mulheres sinalizadas que estão nesta situação, não têm direito a nada, nem a uma consulta. Temos equipas que vão à rua tentar escutá-las, levar um café, algum medicamento. Constatam situações mesmo do arco da velha”

São mulheres que são encontradas numa situação dramática, o que dificulta a denúncia junto das autoridades: “Elas próprias estão muito fragilizadas e nem sempre fazem denúncia. Também não sabem identificar uma série de coisas. Muitas delas são trazidas nem sabem bem por quem, é tudo muito complexo. A polícia diz que é complicado porque as mulheres não falam, às vezes não falam porque têm medo, outras vezes porque elas próprias não sabem identificar as pessoas”.

E como se isto não bastasse estas religiosas têm ainda o problema das despesas com este trabalho de rua, 60% dos apoios vêm da segurança social, mas não chegam, diz a Irmã Júlia Bacelar: “Em termos económicos andamos sempre às aranhas, o trabalho não se pode fazer só com boa vontade. Temos profissionais que formam parte das equipas e ao fim do mês é preciso pagar os ordenados. Os subsídios são bastante curtos e andamos sempre a contar tostões”, explica esta irmã.