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Ultra-ortodoxos e secularistas chocam em Israel

27 dez, 2011

Aumenta o “choque cultural” entre judeus religiosos que querem impor a segregação nos seus bairros e o resto da sociedade israelita.

Ultra-ortodoxos e secularistas chocam em Israel
Foi convocada para esta noite uma manifestação contra os abusos cometidos pelos judeus ultra-ortodoxos, conhecidos como Haredim, nos bairros onde são maioritários.

O próprio presidente Shimon Peres fez uma declaração convidando os israelitas a participar na manifestação: “Toda a nação deve ser recrutada para salvar a maioria das mãos de uma pequena minoria. Esta obrigação é da responsabilidade de todos”.

Esperam-se mais de 10 mil pessoas na manifestação, que será o próximo episódio numa batalha entre secularistas e ultra-ortodoxos que tem aumentado de tom naquele país.

Nos últimos dias um canal de televisão mostrou imagens de homens ultra-ortodoxos a cuspir numa mulher na noite de Sábado, por alegadamente ter desrespeitado as estritas regras religiosas que orientam aquelas comunidades.

Nos bairros de maioria ortodoxa há sinais a exigir que as mulheres se vistam de forma modesta e andem em passeios diferentes dos homens. Os autocarros são, de facto, segregados, com as mulheres a serem obrigadas a sentar-se nas filas de trás. As que não fazem chegam a ser expulsas. Todas estas regras contrariam a lei nacional, mas são impostas nas comunidades que insistem que as suas próprias leis religiosas são superiores às ordenações civis.

No seguimento do incidente da mulher a ser cuspida, no bairro de Beit Shemesh, polícias detiveram o autor do crime mas viram-se confrontados por centenas de homens da comunidade quando tentaram remover os sinais segregacionistas. As mesmas multidões acabaram por atacar equipas de jornalistas que foram ao local fazer a cobertura dos eventos, chegando a ferir alguns repórteres.

Quando o Estado de Israel foi fundado os ultra-ortodoxos religiosos eram uma pequena minoria. Contudo, a sua influência tem aumentado grandemente nos últimos anos. Para isso contribui a taxa de fertilidade entre os haredim, que é mais do dobro da população secular.