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D. Amândio Tomás

Referendo serve os interesses de Papandreou

03 nov, 2011 • Domingos Pinto

Representante de Portugal na Comissão dos Episcopados Católicos da Europa (COMECE), fala da crise do Euro e das medidas de austeridade em Portugal.

Referendo serve os interesses de Papandreou
Falta confiança à Europa e um referendo na Grécia sobre o euro poderá servir os interesses políticos do Primeiro-Ministro Papandreou.

A convicção é de D. Amândio Tomás, representante português na COMECE, organismo que pede aos líderes políticos medidas económicas mais humanas e sustentáveis.

“Não é bom. Há falta de confiança, pode ser que o primeiro-ministro tenha em mente colher dividendos do pronunciamento da população, porque tanto quanto ouvi ontem a população na sua grande maioria é favorável ao projecto europeu e ele pode querer cobrir as costas para tomar decisões que são drásticas e inevitáveis”, afirma o bispo.

Já sobre as declarações de Passos Coelho que admite falar com a Troika para fazer reajustamentos na divida portuguesa, o bispo de Vila Real diz que não há outra saída: “Evidentemente o Governo não tinha outra alternativa, estávamos num estado dramático, mas é preciso ter em atenção as camadas sociais mais pobres, para não matar o doente com a cura. Muitos estão no limite das capacidades de resistência. É preciso ir buscar fundos onde existem, onde se acumularam, não em pessoas que não têm o necessário. Hoje vemos uma miséria envergonhada que cresce a olhos vistos”.

Sobre as medidas do Governo para combater a crise D. Amândio Tomás deixa um alerta: “Não sei se não precisaremos de mais dinheiro no futuro, ninguém o pode garantir, mas desde o início que foi dito que os prazos são muito curtos para realizar a obra. Portanto esse prolongamento no tempo será inevitável e creio que a própria União Europeia estará de acordo em proporcionar-lhe mais tempo para reequilibrar as contas e o barco”.

O bispo de Vila Real que pede ainda ao governo para que não esqueça o interior do país: “O interior de Portugal há muito que foi esquecido. Precisamos de um interior onde as pessoas se fixem, onde tenha possibilidades de ganhar o pão honestamente, se não temos um Portugal desequilibrado. Foi uma boa ideia esta agora da exploração dos minérios, gostei de ouvir”, afirmou o representante de Portugal na COMECE.