O que têm os investigadores, criadores e artistas para dizer à Igreja?

13 mai, 2015 • Ângela Roque

Na quinta sessão do "Escutar a Cidade", que pretende ajudar a preparar o sínodo de Lisboa, participam a investigadora Maria Mota, o director artístico Tiago Rodrigues, a arquitecta Helena Roseta e o compositor e ensaísta António Pinho Vargas.

O que têm os investigadores, criadores e artistas para dizer à Igreja?
O que têm os investigadores, criadores e artistas a dizer à Igreja? Muito, dizem os organizadores do "Escutar a Cidade", que realiza mais um encontro de preparação para o sínodo diocesano de Lisboa, que terá lugar em 2016.

A sessão de quinta-feira, que decorre no Fórum Lisboa, na Avenida de Roma, em Lisboa, entre as 19h00 e as 21h00, tem como tema "Ciência, Arte e Conhecimento"

Este é já o quinto debate "Escutar a Cidade". Contará com a participação de Maria Mota (investigadora distinguida com o Prémio Pessoa pelo seu trabalho na área da maláia), Tiago Rodrigues (novo director artístico do Teatro Nacional D. Maria II), Helena Roseta (arquitecta) e António Pinho Vargas (compositor e ensaísta).

Sobre o músico, António Marujo, da organização, sublinha que, não sendo crente, "tem criado recentemente várias obras no campo da música sacra, ou de inspiração religiosa", e que pode ajudar a reflectir sobre "como as questões da cultura, da música e da criação artística se podem relacionar com os nossos quotidianos e nos podem ajudar a ter vidas mais belas e mais justas em sociedade".

Ciência, arte e conhecimento são "áreas fundamentais para a nossa vida, para a nossa organização social, para a nossa própria expressão enquanto pessoas, enquanto humanidade", diz Marujo.

"A ciência e o conhecimento revelam o saber, a busca humana, até, quase poderíamos dizer, a busca dessa imagem de Deus que temos em nós, da capacidade de criar, às vezes, a partir do nada. E depois a arte como afirmação da nossa própria transcendência, na beleza que nos faz espantar, que nos extasia, que nos apela também a sair de nós, a afirmar algo ainda maior do que nós."

"Tínhamos de fazer destas áreas um dos temas desta iniciativa que pretende, exactamente, avaliar e fazer perspectiva do que a Igreja pode fazer para os próximos tempos aqui no Patriarcado", conclui o jornalista e organizador destes encontros.

Falta abrir a Igreja
António Marujo acredita que os convidados poderão ajudar a Igreja neste diálogo.

"Tem havido nos últimos anos, em Portugal, uma maior aproximação, um melhor entendimento da grande área cultural que, poderemos dizer, abrange também a questão da ciência, o conhecimento, primeiro através da criação de um secretariado a isso dedicado, a Pastoral da Cultura, e depois da acção que esse Secretariado tem desenvolvido, de aproximação aos artistas, cientistas, gente da área do conhecimento, académicos, investigadores", diz.

A ideia, sublinha, passa por "chamar essas pessoas para, no fundo, fazerem essa interpelação àquilo que a Igreja pode ser e fazer nesta área. Eu diria que um sinal menos positivo tem sido, talvez, uma certa incapacidade ainda latente de muitas comunidades da Igreja de saberem entender o valor e as potencialidades que esta aproximação ao conhecimento, à ciência e à arte pode ter para a própria acção pastoral".