Emissão Renascença | Ouvir Online

NATAL

Amor é… uma manjedoura convertida em berço

18 dez, 2014 • Rosário Silva

“Que estamos nós dispostos a fazer para que as manjedouras da injustiça dos nossos dias se transformem em berços de dignidade?”, questiona o arcebispo de Évora, na sua mensagem de Natal.

“E a manjedoura tornou-se berço” é o título da mensagem de Natal que o arcebispo de Évora dedica aos diocesanos.

Em seis parágrafos, D. José Alves recorda as circunstâncias do nascimento de Jesus em Belém, que o evangelista Lucas pormenoriza dando a conhecer o cenário de “extrema pobreza em que tudo aconteceu”.

“Jesus nasce numa corte de animais, porque não havia lugar para eles na hospedaria. O enxoval foram uns panos e o berço uma manjedoura” escreve o prelado, para, logo de seguida, sublinhar o exemplo e a ternura de Maria ao envolver o seu Filho “num amor sem limites” que, sendo verdadeiro, “sempre supera a pobreza”.

Numa alusão aos dias de hoje, o arcebispo lembra as “famílias, crianças, jovens, adultos e idosos que não têm lugar na hospedaria”, restando-lhes “os recantos das ruas, os vãos das escadas, as barracas de lata ou os palheiros e os cortes dos animais”.

“Ao nascer, não tiveram enxoval para serem envolvidos nem berço para serem reclinados. Provera a Deus que tivessem tido amor”, declara D. José, lamentando o facto de existirem “tantos que nasceram e continuam a viver despidos de amor”, um amor ”que acaricia o corpo e sacia a alma”.

Aos diocesanos, o arcebispo de Évora deixa um desafio, em forma de interrogação: “Estaremos nós dispostos a dar-lhes panos para se cobrirem, alimentos para se saciarem, casa para habitar e dignidade para se reabilitarem?”

O repto é acompanhado do exemplo dado pelos pastores. “Não se limitaram a ter pena. Deram amor e receberam alegria. E a manjedoura transformou-se em berço”, escreve D. José Alves, que lança nova pergunta: “Que estamos nós dispostos a fazer para que as manjedouras da injustiça dos nossos dias se transformem em berços de dignidade?".

“A vida está acima do berço e o amor supera a casa, pois de nada vale a casa se não há amor”, sublinha ainda D. José Alves. "A resposta cabe a cada um” remata o pastor.