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Quem está a lançar ácido às mulheres iranianas?

05 nov, 2014

Recentes ataques atingem iranianas que estão mal vestidas, segundo os critérios morais do estado teocrático. Em causa está também uma lei que dá mais poder a milícias para admoestar quem anda vestido de forma “indigna”.

Pelo menos quatro mulheres da cidade iraniana de Isfahan foram desfiguradas em consequência de ataques com ácido, nas últimas semanas.

As acções ainda não foram reivindicados, mas atingem apenas mulheres que se vestem de forma indigna, de acordo com os critérios apertados deste país islâmico, governado por clérigos xiitas.

Em simultâneo com os ataques, outras mulheres daquela cidade têm recebido mensagens anónimas com ameaças, caso não utilizem o “hijab”, o lenço que cobre o cabelo. Foram feitas algumas detenções, mas até agora ninguém foi acusado formalmente.

Mas a situação em Isfahan está também a gerar muita discussão em torno de uma lei que foi recentemente aprovada no parlamento, apesar da oposição do Presidente Rouhani, que é considerado um moderado.

A nova dá poder a civis para aplicar a lei que governa os vestimentos e a “modéstia”. Apesar de ainda não ter entrado em vigor, a luz verde do Governo já levou vários grupos a organizar-se e irem para a rua, abordando mulheres que consideram estar vestidas de forma provocadora, o que pode incluir ver-se algum cabelo, ao uso excessivo de maquilhagem. Rapazes e raparigas não casados podem também ser admoestados por andarem juntos na rua.

Num discurso em que criticou a lei, Rouhani disse que a sociedade não se devia preocupar com o uso do véu islâmico como se fosse a única fonte de corrupção na sociedade, mas a aprovação da medida pelo Parlamento está a ser entendida como uma afronta propositada ao Presidente.

Apesar de haver um parlamento e um presidente no Irão, o verdadeiro poder está nas mãos dos aiatolas, que neste caso não se têm manifestado ainda, mas tendem a ser considerados conservadores de ala dura.