Papa recorda que “o bem paga infinitamente mais que o dinheiro”

21 set, 2014 • Filipe d’Avillez

Francisco encontrou-se com crianças e adolescentes da Casa de Betânia, em Tirana, na Albânia, e disse que o trabalho pelos mais necessitados também é uma oportunidade de trabalho inter-religioso.  

“O bem paga infinitamente mais do que o dinheiro”, referiu o Papa Francisco, esta tarde, onde elogiou o trabalho feito por quem se dedica aos mais fracos e marginalizados.

Os bens materiais não satisfazem, garante o Papa, desiludem “porque fomos criados para acolher o amor de Deus e dá-lo, por nossa vez, aos outros, e não para medir tudo em termos de dinheiro ou de poder.”

O casa de Betânia acolhe e cuida de crianças e jovens doentes e deficientes: “carecidos de tratamento, de carinho, de um ambiente sereno e de pessoas amigas que sejam também verdadeiros educadores, um exemplo de vida e um apoio”, nas palavras de Francisco.

Também este trabalho pode ser um exemplo de convívio inter-religioso, realçou Francisco, retomando assim o tema que tem percorrido toda a sua visita: “este centro testemunha que é possível uma convivência pacífica e fraterna entre pessoas pertencentes a várias etnias e a diferentes confissões religiosas.”

“Aqui as diferenças não impedem a harmonia, a alegria e a paz; antes, tornam-se ocasião para um conhecimento mais profundo e mútua compreensão. As diferentes experiências religiosas abrem-se ao amor respeitoso e eficaz para com o próximo; cada comunidade religiosa exprime-se através do amor e não da violência; não se envergonha da bondade.”

“Esta, a quem a faz crescer dentro de si, dá uma consciência tranquila, uma alegria profunda, mesmo no meio de dificuldades e incompreensões. E até perante as ofensas sofridas, a bondade não é fraqueza mas verdadeira força, capaz de renunciar à vingança”, disse Francisco.

A todos os que o ouviam, neste seu último discurso antes de regressar a Roma, o Papa insistiu que fazer o bem pode satisfazer plenamente o coração dos homens: “Dar-se por amor de Jesus suscita alegria e esperança, e como servir os irmãos se transforma em reinar juntamente com Deus.”

São palavras, diz Francisco, que “podem parecer paradoxais para grande parte do nosso mundo, que tem dificuldade em compreendê-las e procura freneticamente nas riquezas terrenas, na posse e na diversão finalizadas em si mesmas a chave para a sua existência, encontrando pelo contrário alienação e aturdimento.”

Esta foi a primeira visita de um Papa à Albânia, que fica a uma curtíssima distância de Itália, desde que João Paulo II foi ao país no início dos anos 90, onde apareceu ao lado de Madre Teresa de Calcutá.

A Albânia é um dos poucos países de maioria islâmica da Europa e um exemplo de como é possível as comunidades muçulmana e cristã, seja católica ou ortodoxa, viverem em conjunto e em paz. Um exemplo que o Papa quis destacar numa época em que em muitos pontos do mundo existem focos de grave violência e perseguição religiosa.