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Mulher condenada à morte por renunciar ao Islão

15 mai, 2014

No Sudão, deixar a fé dá morte. Meriam casou com um homem cristão, algo que a lei islâmica não permite.

Um tribunal de Cartum, no Sudão, condenou esta quinta-feira à morte, por enforcamento, uma mulher acusada de apostasia (abandono e renúncia da fé), depois de a ter condenado a 100 chibatadas por adultério. 

A maior parte da população do Sudão é muçulmana e o país é regido pela sharia, a lei islâmica, segundo a qual não é possível abandonar a religião de Maomé.

A mulher, Meriam Yehya Ibrahim Isha, é filha de um muçulmano e de uma ortodoxa. Nestes casos, a mulher é considerada muçulmana pela educação transmitida pelo pai. 

Acontece que o pai abandonou a família era ainda Meriam muito nova. Foi educada como cristã, pela sua mãe. Meriam casou com um homem cristão, o que, segundo a sharia, não é permitido. Seria acusada de adultério, em Agosto de 2013.

Numa jaula em tribunal
O processo correu no tribunal sudanês e Meriam, que está grávida de oito meses, foi condenada a 100 chibatadas por cometer adultério. O tribunal adiou a execução da pena para depois da recuperação da gravidez.

Em tribunal, Meriam, que se encontrava dentro de uma jaula, foi sempre chamada pelo seu nome muçulmano.

Disse que se considerava cristã, o que, segundo a sharia, é considerado apostasia. A pena é a condenação à morte. 

O julgamento por apostasia aconteceu domingo, dia 11. Meriam tinha a hipótese de "retornar ao islamismo" (palavras do juiz, citadas pela France-Presse) até esta quarta-feira, dia 14.

A pena será executada dois anos depois de Meriam dar à luz.

Protestos
No exterior do tribunal, alguns manifestantes seguravam cartazes com frases “Meriam tem o direito de ser cristã” e “Eu tenho o direito de escolher qualquer religião”.

Segundo a France-Presse, no dia 13, as embaixadas dos Estados Unidos, Canadá, Reino Unido e Países Baixos emitiram uma declaração conjunta. Manifestam "profunda preocupação" sobre o caso e pedem ao Sudão a respeitar o direito à liberdade de religião.

Também a Amnistia Internacional condenou esta quinta-feira a sentença como "terrível e abominável".