Emissão Renascença | Ouvir Online

Via Sacra nas ruas de Lisboa

18 abr, 2014

A Renascença transmite em directo a Via Sacra de Lisboa entre a Igreja de São João de Deus e a Igreja de São João de Brito.

22h52: Oração final.

22h42: Meditação de D. Joaquim Mendes.

22h33: Décima quarta estação. Jesus é colocado no sepulcro.
Ao ser colocado no sepulcro, todos os que rodeiam Jesus sentem a amargura do fim, sentem que o silêncio daquele lugar não lhes trata mais nenhuma boa nova e que aquele Jesus que seguiram apaixonadamente ficou definitivamente prisioneiro e amordaçado no silêncio do sudário e da morte. José de Arimateia, Maria e todos os que presenciaram aquele momento sentiram o que também nós sentimos quando somos confrontados com a morte de quem amamos: sentimos o fim, sentimos o vazio da morte.

22h28: Décima terceira estação. Jesus morre na cruz.
Amável Jesus subistes ao Calvário sem hesitar, obrigação de amor e deixaste-vos crucificar sem lamento, humilde filho de Maria, tomastes o peso da nossa noite para nos mostrares com quanta luz querieis dilatar-nos o coração. Nas vossas dores está a nossa redenção, nas vossas lágrimas se desenha a hora da revelação do amor gratuito de Deus.

22h22: Décima segunda estação. Jesus na cruz, a Mãe e o discipulo.
Jesus deu-nos a sua mãe para que fosse mãe de todos os discípulos, de toda a humanidade. Mesmo suspenso na cruz, agonizante num sofrimento atroz, continuou o seu jeito de estar para os outros, de ser tudo para os outros, de estar atento aos nossos problemas e necessidades. Enquanto caminhamos, contemplamos-te pregado a uma cruz, indefeso. Apenas acompanhado por Tua Mãe, outras mulheres e o discípulo que te seguem e nada podem fazer para aliviar o Teu enorme sofrimento, mas Tu esqueceste de ti e estás atento às necessidades dos que Te rodeiam. Também à nossa volta olhamos o sofrimento de muitos irmãos esmagados pela vida dura sem os conseguirmos aliviar, seres-humanos que nunca conheceram a paz.

22h16: Décima primeira estação. Jesus promete o seu Reino ao bom ladrão.
Pregado na cruz, no limite das suas forças, Jesus é capaz de reconhecer naquele malfeitor um pecador arrependido e promete-lhe o Paraíso, perdoando os seus pecados. Os dois malfeitores reconheceram que a sua culpa os levou à Cruz. Um pensou escapar à boleia de Jesus, o Messias. O outro reconheceu Jesus como rei e senhor e suplica o perdão pela sua vida de delinquente e pecador. Somos nós capazes de reconhecer o pecado que vamos acumulando ao longo da nossa vida? Lembramo-nos de Jesus para lhe pedir perdão e corrigir o nosso rumo ou preferimos ir saltando de pecado em pecado, feitos pequenos delinquentes da fé cristã, esperando que no final, de mãos postas e muito solenes sejamos abençoados e perdoados por Deus? A penitência, o arrependimento e a conversão são ciclos na nossa vida cristã que a Igreja nos ensina que devemos percorrer regularmente.

22h10: Décima estação. Jesus é crucificado.
Depois de um longo e penoso caminho de humilhações e dor, Jesus é crucificado. Pela sua morte destemida deu a conhecer ao mundo a definição do verdadeiro amor. Pela cruz, Jesus mostra-se humano, vulnerável e cheio de um amor sincero, intenso e desinteressado. Em nenhum momento da sua vida, assim como na sua crucificação, Jesus foi menos do que nos pede para ser. Em nenhum momento agiu em troca de benesses, reconhecimento ou vaidade. Será que também nós somos capazes de amar ignorando os interesses, as políticas e os juízos da nossa sociedade? Será que temos essa coragem tanto nos momentos difíceis como fáceis? Para os que não crêem a morte pode ser um fim. Para Jesus a crucificação não é o final de uma vida, mas o começo de milhares de outras: a vida dos Cristãos. E é como Cristãos que temos que responder agora, aqui, e para a nossa sociedade. 

22h04: Nona estação. Jesus consola as mulheres de Jerusalém.
O caminho torna-se cada vez mais sinuoso e difícil. A cruz torna-se cada vez mais pesada. Pelo caminho algumas mulheres choram por aquele homem como se chora por uma pessoa amada. No entanto, Jesus adverte as mulheres de Jerusalém para que não chorem por ele. Não se trata, porventura, de uma advertência contra uma piedade puramente sentimental que não se torna conversão e fé vivida. De nada nos serve lamentar os sofrimentos deste mundo se a nossa vida continua sempre igual, por isso, o Senhor apela à conversão, mostra-nos a seriedade do pecado e a seriedade do juízo. Vemos como tem que ser expiado até ao fim para poder ser superado. Não se pode continuar a banalizar o mal quando vemos a imagem do Senhor que sofre.

21h59: Oitava estação. Jesus é ajudado por Simão, de Sirene.
Nesta hora de profunda exaustão, Jesus recebe a ajuda inesperada de um desconhecido que voltava do campo. O homem proveniente de Sirene, Simão, é forçado pelos guardas romanos a carregar com Cristo o peso terrível da cruz. Podemos imaginar que nada mais incómodo podia ter acontecido a Simão, que nada tinha a ver com este desconhecido. Mas que humanidade é a de Simão ou a nossa se o seu conforto for mais valioso do que a dignidade de um irmão e que ingenuidade o levaria a pensar que, de facto, nada tinha a ver com este condenado desconhecido. Pois, no momento em que Simão pensa que está a ajudar este homem desamparado, é na verdade Cristo que o está a amparar. Pela graça deste encontro, Simão torna-se um homem novo. Saibamos nós cruzar o olhar com Cristo e tornarmo-nos homens novos.

21h53: Sétima estação. Jesus carrega com a Cruz.
Neste caminho para o Calvário, Jesus é obrigado a carregar com a cruz onde vai ser pregado. Sabemos que Jesus carregou naquele dia todos os nossos pecados e morreu para nos dar a salvação, mas será que conseguimos perceber a acção consciente de carregar aquele fardo? Não foi só o carregar de um peso, mas tratou-se de transportar o pior da humanidade: as guerras e a discórdia entre os homens, a miséria e as desigualdades sociais. Jesus reconheceu a nossa fraqueza enquanto ser humano e voluntariamente se ofereceu para assumir, no derradeiro acto da paixão, a expiação de todos os nossos pecados. Este é um motivo de alento para conseguirmos diariamente carregar esta nossa cruz e saber reconhecer os nossos pecados e as nossas fraquezas. No nosso caminho e em todas as vezes que encontramos dificuldades, Jesus acompanha-nos: somos continuamente salvos quando não reconhecemos que sem Ele não faz sentido continuar e só com Ele é que conseguimos a verdadeira salvação.

21h48: Sexta estação. Jesus é flagelado e coroado de espinhos.
À injusta condenação junta-se o insulto da flagelação. Entregue nas mãos dos homens o corpo de Jesus é desfigurado, mas Jesus revela a sua pureza de coração ao aceitar o que lhe acontecera. Aceitou estas torturas, dor e humilhações, mesmo não tendo feito nada de mal para poder redimir toda a humanidade dos seus pecados. No entanto, torturas e humilhações continuam a surgir da crueldade do coração humano. Continuamos a não compreender o sentido do teu flagelo, continuamos a não acolher o nosso irmão, a amar.

21h40: Quinta estação. Jesus é julgado por Pilatos.
Mesmo acreditando na inocência de Jesus, Pilatos deixa-se influenciar pela multidão e opta pelo caminho mais fácil, permitindo a sua crucificação. Ele é o exemplo como tantas vezes, perante uma sociedade de crenças e preconceitos, nos falta a coragem e a força de seguirmos os nossos valores. Uma sociedade que julga os outros, muitas vezes injustamente, sem pensar sequer nas consequências. Julgamos sem antes olharmos para nós, sem pensar nos nossos erros. Quantas vezes preferimos seguir o socialmente aceite em vez de sermos aquilo que fomos chamados a ser por Jesus: pessoas justas, de bem e de amor ao próximo.

21h33: Quarta estação. Jesus é renegado por Pedro.
Nós também somos muitas vezes confrontados sobre a nossa fé e amor filial a Deus Pai e também nos calamos, também ousamos fugir. Quantas vezes já negámos esta relação e não só em palavras? Quantas vezes fomos omissos em acções? O nosso silêncio e inércia revelam insegurança, vergonha e medo, inseguros da nossa fé. Vergonha de nos lançarmos na radicalidade do amor de Deus, medo de sermos ridicularizados por aqueles que nos rodeiam. Façamos uma introspecção à nossa vivência no Senhor e reflictamos sobre quem somos e quem queremos ser. Estamos perto?

21h26: Terceira estação. Jesus é condenado pelo Sinédrio.
Os membros do Sinédrio, tribunal de natureza religiosa, condenaram Jesus por não seguir as suas crenças e leis. Fácil seria ceder à pressão das massas, à opinião dominante, resignar-se, mas não: perante esta incompreensão, Jesus não hesita em proclamar o mistério que está nele e que está para ser revelado. Durante séculos muitos inocentes foram condenados a sofrimentos atrozes, martirizados por assumirem o seu amor ao Pai. Ainda hoje são perseguidos, humilhados e condenados por quererem professar a fé em Cristo. E nós, seremos capazes de permanecermos fiéis mesmo que essa opção nos faça afastar do bem-estar material, das nossas famílias, do mundo que conhecemos? Seremos capazes de acolher o próximo mesmo que professe uma fé diferente?

21h19: Segunda estação. Jesus traido por Judas é preso.
Jesus foi traído com um falso gesto de amizade por um dos seus discipulos em quem confiava e com quem partilhava a sua vida. Quantas vezes no nosso dia-a-dia já fomos este Judas? Quantas pessoas são hoje traídas por aqueles a quem chamam de amigos? Quantos doentes, idosos, toxicodependentes, sem-abrigo ou desempregados são abandonados pelas suas famílias, por aqueles em quem confiam e dos quais esperam amparo, apoio e atenção? É com a nossa traição e com a dor destes irmãos que Jesus sofre novamente a cada dia. Sempre que não temos a coragem de lhe sermos fiéis e de nos fazermos presença, força e luz para quebrar a solidão, abandono, tristeza e sofrimento do nosso próximo tenhamos, pois, a ousadia da fidelidade e do perdão. Sejamos fiéis ao seu amor, saibamos colocar este amor ao serviço do próximo, saibamos perdoar quem nos tem ofendido.  

21h11: Primeira estação. Jesus no Jardim das Oliveiras.
Quantas vezes nos sentimos sós, entristecidos, sem rumo e sem ninguém que nos compreenda e acolha o nosso sofrimento. Jesus enquanto homem vive também como nós horas de angústia, agonia e dor. Luta para resistir à tentação de desistir da sua missão, que é demasiado dolorosa e difícil, mas o amor ao Pai e a salvação dos homens pedem-lhe fidelidade. É nessa hora que Jesus se afasta e ora intensamente procurando encontrar naquele que o enviou a força necessária para assumir o projecto de vida ao qual foi chamado. Com a sua humildade e entrega, Jesus ensina-nos que é na oração profunda que devemos buscar discernimento e coragem para enfrentar as nossas fraquezas e ultrapassar os obstáculos. Jesus convida-nos assim a entrarmos no silêncio do nosso coração, a unirmo-nos a Deus e a deixarmo-nos inundar pelo seu amor revelado através do seu filho, a fim de vencermos o medo e entregarmos sem reservas a nossa vida nas mãos de Deus.

21h04: Início da Via Sacra.

Hoje todas as ruas, das grandes cidades às pequenas aldeias, se tornam as ruas  de Jerusalém. E pelas ruas, sobe Cristo com a Cruz. A Via Sacra repete-se e  reconstrói-se todos os anos, neste final de dia, com paragens de contemplação e oração perante a subida do filho de Deus ao Calvário.

Em dia de Sexta-Feira Santa, a Renascença transmite uma Via Sacra pelas ruas da capital organizada pelos jovens da 4ª Vigararia de Lisboa. O percurso tem início na Igreja de São João de Deus e termina na Igreja de São João de Brito.

A cerimónia é presidida por D. Joaquim Mendes, Bispo Auxiliar de Lisboa.