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Cidades francesas proíbem espectáculo alegadamente anti-semita

07 jan, 2014

A representação de Dieudonné M`bala M`bala tornou-se conhecida quando o jogador de futebol Anelka fez uma saudação popularizada pelo humorista.

Várias cidades francesas estão a juntar-se a Marselha e Bordéus para proibir a actuação do humorista francês, nascido nos Camarões, Dieudonné M`bala M`bala.

Dieudonné, como é conhecido, tem-se dedicado nos últimos anos a fazer humor que critica o sionismo e o Judaísmo, com espectáculos que muitos definem como anti-semíticas.

A polémica levou à intervenção do Presidente François Hollande, que pediu às autoridades para estarem atentos: “Peço a todos os representantes do Estado, em particular os prefeitos, para estarem atentos e serem inflexíveis. Ninguém devia poder usar este espectáculo para provocar e promover ideias abertamente anti-semitas”.

Em resposta as autoridades de Marselha e Bordéus começaram por proibir o espectáculo da nova tournée que deve começar esta semana. Seguiu-se a câmara de Tours e várias outras preparam-se repetir o gesto.

O actor popularizou uma saudação, chamada “quenelle”, que consiste na inversão da saudação nazi, com o braço e mão esticados, mas para baixo, que se tornou a sua imagem de marca e que se tem tornado viral. A quenelle também é vista como anti-semítica e esteve no centro de uma polémica quando o jogador francês Anelka a fez na celebração de um golo, há cerca de duas semanas.

Os fãs de Dieudonné alegam que tudo não passa de humor e o próprio diz que em tempos já representou um imã muçulmano, pelo que devia também poder gozar com o judaísmo. De facto, o humorista começou a sua carreira ao lado de um colega judaico com um espectáculo que gozava com estereótipos raciais. Na altura o francês de origem africana fazia campanha contra o racismo e opunha-se publicamente à Frente Nacional, de Jean-Marie Le Pen.

Tratou-se do ponto alto da carreira de Dieudonné, que era bem visto pela sociedade francesa e representou em comédias de sucesso, como os filmes de Asterix. Contudo, a partir do momento em que começou a criticar mais acerrimamente o Judaísmo o humorista começou gradualmente a ser ostracizado, fazendo questão de alimentar as polémicas, ao ponto de se aproximar do mesmo Le Pen que em tempos tinha confrontado, chegando a convidá-lo a ser padrinho de um dos seus filhos.