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“D. Joaquim Gonçalves foi um homem de Deus”

02 jan, 2014 • Olímpia Mairos

Bispo emérito de Vila Real morreu aos 77 anos. O actual bispo diocesano lembra um homem de fé, de empenho cristão e sacerdotal, que desafia à coerência e à convicção de vida.

“D. Joaquim Gonçalves foi um homem de Deus”
D. Joaquim Gonçalves, bispo emérito de Vila Real, foi a enterrar esta quinta-feira.

O bispo foi sepultado no jazigo da Diocese, no Cemitério de Santa Iria.

O clero da diocese e das dioceses limítrofes, parte do episcopado português, vários autarcas e centenas de fiéis marcaram presença na missa exequial presidida pelo bispo de Vila Real, D. Amândio Tomás que, na sua homilia, lembrou a fé, a coerência de vida e o espírito de entrega sempre revelados por D. Joaquim Gonçalves.

“D. Joaquim viveu pobre e austero, o que exigia dos outros começava por o exigir de si próprio, dando o exemplo. Sofreu muitos dissabores, mas nunca perdeu a esperança em Deus nem deixou de acreditar na melhoria das pessoas”, referiu D. Amândio Tomás, acrescentando que “recusou sempre a nivelar por baixo, para convidar sempre a subir a ‘montanha’ e a trilhar o caminho alto e árduo da ascese, do empenho, do trabalho e desprendimento, sonhando e desejando ardentemente a perfeição, a plenitude da vida em Deus e a evangelização da Diocese que tanto amava e à qual se dedicou de alma e coração”.

Para o bispo de Vila Real, D. Joaquim deixa “um legado de fidelidade, de empenho cristão e sacerdotal, pede coerência e convicções, abertura à Palavra de Deus e compromisso na evangelização”.

Percurso de vida
D. Joaquim Gonçalves nasceu em Cortegaça, Revelhe, concelho de Fafe, a 17 de Maio de 1936.

De 1948 a 1960 frequentou e concluiu os cursos de Humanidades, Filosofia e Teologia nos Seminários Arquidiocesanos de Braga, sendo ordenado Presbítero a 10 de Julho de 1960, na capela do Seminário Conciliar de Braga. Nesse mesmo ano foi nomeado Coadjutor da paróquia de S. José de Ribamar – Póvoa de Varzim, e professor de Educação Moral e Religiosa Católica no então Liceu Eça de Queiroz até 1976, sendo também Assistente local do CNE (Escutismo Católico Português) e das ENS (Equipas de Nossa Senhora) e, a nível nacional, do CPM (Centro de Preparação para o Matrimónio).

Em 1974 licenciou-se em Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, disciplina que leccionou nas Escolas Secundárias de Barcelos, Eça de Queiroz, na Póvoa de Varzim, e Sá de Miranda, em Braga, de que foi professor efectivo. Em 18 de Outubro de 1981, na cripta da Basílica do Sameiro, Braga, foi ordenado bispo auxiliar de Braga, com o título de Ursona (Osuna, cidade vizinha de Sevilha), sendo o primeiro bispo natural do concelho de Fafe.

Trabalhou na Arquidiocese de Braga até 1987 e em Maio desse ano foi nomeado coadjutor de Vila Real, de que tomou posse canónica a 24 de Junho e onde entrou solenemente a 28 do mesmo mês.

A 18 de Janeiro de 1991, pela resignação do seu antecessor D. António Cardoso Cunha, tornou-se o quarto bispo da Diocese de Vila Real.

Na Conferência Episcopal Portuguesa foi membro da Comissão Episcopal das Migrações e Turismo da Comissão Episcopal de Liturgia e Presidente da Comissão Episcopal das Missões e fez parte do Conselho Superior da Universidade Católica Portuguesa.

D. Joaquim Gonçalves foi substituído por D. Amândio Tomás, seu coadjutor, a 17 de Maio de 2011.

Nos 20 anos à frente da Diocese de Vila Real, D. Joaquim Gonçalves ordenou 38 sacerdotes e durante este período foram ordenados quatro bispos na Diocese.

No seu múnus episcopal marcou presença nos acontecimentos mais importantes e procurou levar a mensagem de Cristo a todos os ambientes.

Criou o Centro Católico de Cultura, que proporcionou um dinamismo novo na formação de leigos, e investiu muitas das suas energias no campo da liturgia “para que as celebrações sejam dignas e o cântico tenha densidade litúrgica”.

Para o Clero instituiu as recolecções mensais, o Dia de Retiro no princípio da Quaresma e animou a construção da Casa para o Clero idoso ou doente. A nível social, D. Joaquim Gonçalves empenhou-se na criação de centros sociais e institui também o Centro de Apoio à Vida.

O Bispo emérito de Vila Real, D. Joaquim Gonçalves, faleceu, vítima de ataque cardíaco, a 31 dia Dezembro, pelas 16h00, na Póvoa de Varzim, onde residia com o irmão padre e uma irmã, enfermeira aposentada.