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“Muçulmanos têm de aprender com os cristãos a dialogar”

28 nov, 2013

Representante da universidade de Al-Azhar esteve presente no Congresso do Conselho Mundial das Igrejas, na Coreia do Sul, e ficou impressionado com a preocupação que os cristãos revelam pelos pobres.

“Muçulmanos têm de aprender com os cristãos a dialogar”
Os muçulmanos devem aprender com os cristãos a dialogar uns com os outros, considera o professor Idris Tawfiq.

O professor da Universidade de Al-Azhar, no Cairo, o mais prestigiado centro de ensino do mundo muçulmano, participou enquanto convidado no Congresso do Conselho Mundial das Igrejas, que teve lugar na Coreia do Sul, no início de Novembro.

Tawfiq diz que ficou verdadeiramente impressionado com a forma respeitosa como os cristãos dialogavam uns com os outros, apesar de virem de tradições diferentes. “Gostava que enquanto muçulmanos pudéssemos ouvir-nos uns aos outros com o mesmo respeito, sem nos condenarmos”, escreve o professor, num artigo publicado pela agência católica AsiaNews.

Outro aspecto que impressionou o representante islâmico foi o enfoque na pobreza: “Enquanto muçulmano senti que havia áreas de injustiça no mundo que não foram referidas, mas todavia existia uma verdadeira sede de melhorar a vida das pessoas à volta do mundo, seja por causa da pobreza, da exploração ou da doença”, escreve.

“Pensei para mim que nos encontros islâmicos nem sempre esta preocupação é evidente”, diz ainda.

“Fiquei muito impressionado pelo respeito que os delegados mostraram uns aos outros. Esta é uma área em que nós, muçulmanos, temos que aprender.”

Apesar do tom globalmente positivo, houve claramente alguma discordância em alguns aspectos. O professor do Al-Azhar não gostou de ouvir falar tanto na perseguição aos cristãos no Médio Oriente: “Estas palavras foram dolorosas de ouvir, porque vivo no Egipto e sei que não são verdade. A cada oportunidade tentava tornar claro que embora haja muito sofrimento no Médio Oriente a razão não é o Islão, uma vez que Alá permite que as pessoas acreditem no que quiserem e os muçulmanos são obrigados a defender os cristãos que vivem no seio das suas comunidades”.

O Conselho Mundial das Igrejas reúne em congresso de sete em sete anos, juntando representantes de dezenas de confissões cristãs. O grupo foi formado depois da Segunda Guerra Mundial, como iniciativa ecuménica, mas a Igreja Católica nunca se associou, tendo apenas o estatuto de observador.