Tempo
|

“A santidade não é só para super-homens”

23 set, 2013 • Ângela Roque

Como é que a Igreja é Santa com tantos pecadores? Podem os pecados de uns pôr em causa a Santidade da Igreja? São perguntas a que o livro “Concidadãos dos Santos e membros da Família de Deus” tenta dar resposta.  

O livro é da autoria do padre Miguel de Salis Amaral, professor da Pontifícia Universidade de Santa Cruz, em Roma, e consultor teólogo da Congregação para as Causas dos Santos. O estudo histórico- teológico mostra como a questão tem sido encarada ao longo dos tempos, e como ser Santo pode estar ao alcance de todos.

O sacerdote português explica que uma das razões que o levou a querer escrever este livro foi “o grande interesse que têm despertado, nos últimos 50 anos, as beatificações e canonizações. Estou a lembrar-me dos pastorinhos de Fátima, ou do padre Pio, e tantos outros”, diz.

Outra razão foi observar como os casos de pedofilia, o “vatileaks” ou as polémicas com o Banco do Vaticano, têm levado muitos a duvidar da fé da Igreja.

“O contraste entre as figuras de Santos recentes e, por outro lado, os comportamentos de pecado, incorrectos, leva muitos a questionar: então a Igreja o que é que é? É uma instituição que faz coisas boas, e há uns que não fazem coisas tão boas? Há pessoas excepcionais, e outras não?”.

O percurso histórico por vários momentos da Igreja mostra que esta tem sido uma inquietação permanente: “Ao longo da história da Igreja vemos que houve este problema, membros santos e membros pecadores que levantaram esta questão – então a Igreja é mesmo Santa, ou não? É mesmo de Deus, ou isto é uma ilusão? Como é que eu posso explicar que a Igreja é Santa porque é de Deus?”.

Estará a santidade ao alcance de todos?
“Sem dúvida”, garante o padre Miguel. Embora se tenha a ideia de que “é uma coisa um bocadinho nas nuvens, aquela pessoa que está isolada do mundo, num convento ou num mosteiro ao cimo da serra ou ao lado do mar”, a santidade, garante, “não é simplesmente para pessoas que são uns super-homens ou umas super-mulheres”, com um curriculum vitae “daqueles que vão para Harvard. É uma coisa que vem ao nosso encontro porque Deus quer estar com todos”, sublinha o sacerdote.

O autor admite que o livro está mais dirigido aos crentes, “porque são os que mais se questionam sobre isto”, mas acredita que ajudará todos os que estejam “interessados em saber mais sobre esta questão. Com todo o rigor que tem a investigação histórica”.

Publicado pela Paulus Editora, o livro “Concidadãos dos Santos e Membros da Família de Deus” é da autoria do padre Miguel de Salis Amaral, e o prólogo é assinado pelo cardeal Saraiva Martins.

O autor foi entrevistado pela Renascença este Domingo, no programa “Princípio e Fim”.