Rebeldes retiram-se de histórica vila cristã na Síria

06 set, 2013

Maaloula, nos arredores de Damasco, esteve ocupada durante várias horas, mas, segundo uma residente, nem as igrejas nem as casas dos residentes foram atingidas pelos rebeldes.

Rebeldes retiram-se de histórica vila cristã na Síria
A histórica vila de Maaloula, nos arredores de Damasco, esteve ocupada durante várias horas por forças da oposição ao regime de Bashar al-Assad.

Maaloula é uma vila cristã e uma das poucas onde ainda se fala a língua de Jesus Cristo, o aramaico.

A ocupação teve início na quarta-feira, quando rebeldes destruíram um posto de controlo à entrada da vila, matando soldados e membros da milícia pró-regime. Imagens divulgadas na Internet mostram os rebeldes a festejar no centro da vila, que é maioritariamente cristã.

A ocupação motivou a consternação dos cristãos na Síria e a nível internacional, uma vez que, pelo menos, um dos grupos de rebeldes que entrou em Maaloula é islamista. Contudo, uma residente contactada pela agência Reuters explicou que os combatentes não atingiram as muitas igrejas nem as casas dos residentes. Outro vídeo colocado na Internet mostra um comandante rebelde a dar ordens aos seus homens para não molestarem os cristãos nem os seus símbolos.

Após algumas horas, os rebeldes abandonaram a vila. Segundo um membro da oposição, a intenção nunca foi ocupar Maaloula, mas sim silenciar o posto de controlo, que tinha estado a disparar sobre posições rebeldes nas montanhas próximas: “Esse posto de controlo tinha estado a atingir as nossas posições ao há alguns dias. Foi silenciado. Nunca tivemos intenção de permanecer em Maaloula”.

Damasco, contudo, está a apresentar a reocupação da vila como uma vitória, anunciando, na sua agência oficial, que “uma unidade militar eliminou membros de um grupo terrorista a nordeste de Maaloula, destruindo as ferramentas que utilizavam nos seus crimes”.

Segundo a testemunha contactada pela Reuters, houve, após a retirada dos rebeldes, troca de tiros entre membros da milícia pró-regime e os militares do exército sírio, decorrentes de discussões e troca de acusações sobre a responsabilidade pelas mortes no posto de controlo.

O episódio da ocupação de Maaloula realça a delicada posição dos cristãos na Síria. Embora a comunidade se tenha mantido bastante à margem dos combates, uma boa parte dos cristãos não esconde a sua preferência por um regime que, durante anos, permitiu que vivessem em paz e com liberdade religiosa, temendo o que poderá acontecer se os rebeldes, entre os quais há um importante contingente islamista, ocuparem o poder.

Em vários pontos do território dominados por rebeldes, já houve casos de perseguição aos cristãos, incluindo a destruição de igrejas, massacres, raptos e execuções.