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Cristãos apelam à reconciliação após queda de regime islamista no Egipto

05 jul, 2013 • Filipe d’Avillez

Apesar dos apelos à unidade nacional já houve incidências de violência contra a comunidade copta. Uma igreja na aldeia de Delgia foi incendiada por fundamentalistas islâmicos em represália contra a queda de Morsi.  

Cristãos apelam à reconciliação após queda de regime islamista no Egipto
O fim do regime de Mohamed Morsi foi recebido com alegria pela comunidade cristã, que há muito tempo manifestava preocupação pela linha islamista do Presidente.

Mas a comunidade copta, como são conhecidos os cristãos egípcios, não perdeu tempo em apelar à reconciliação e à unidade nacional, dizendo que compreende e simpatiza com a posição dos islamistas que, com o golpe militar, se viram despojados do poder político.

Num comunicado o arcebispo Angaelos, representante da Igreja Copta Ortodoxa no Reino Unido, e uma das mais importantes figuras desta confissão na diáspora, manifesta a esperança de que termine o derramamento de sangue.

“Sentimos a dor dos que se consideram derrotados e que agora temem a marginalização e alienação. São sentimentos que nós, enquanto cristãos, já sentimos várias vezes ao longo dos séculos no Egipto”, escreve o bispo.

“Dito isso, contudo, aquilo de que precisamos agora é de encontrar uma forma de acolher estes importantes membros da comunidade, bem como todos os egípcios, confirmando que o único caminho é o de reconciliação e unidade”.

O arcebispo considera que é preciso curar os efeitos de anos de “fragmentação, desconfiança e revolta”, mas especifica que isso só acontecerá quando essa for a prioridade de quem liderar agora os destinos do país.

“Rezamos para que não se derrame mais sangue, não haja mais luto nas famílias ou comunidades, nem mais violência e que a cooperação e colaboração se tornem princípios fundamentais ao longo deste processo formativo”, avança ainda o Arcebispo Angaelos.

A queda de Mohamed Morsi, que era apoiado pela Irmandade Islâmica, foi festejada pelos cristãos, incluindo, de forma pública, pelo líder da comunidade copta ortodoxa, o Papa Tawadros II.

Houve algumas tentativas de retaliação por parte de islamistas. Pelo menos uma igreja foi incendiada e destruída na aldeia de Delgia, a 60 quilómetros de Mynia, por islamistas enfurecidos, mas não se registaram vítimas.

Os cristãos são a maior minoria religiosa no país, representando cerca de 10 milhões de habitantes e compõem a maior comunidade cristã de todo o Médio Oriente.