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Eduardo Catroga

Congelar sim, mas descer salários e pensões só em último recurso

08 mar, 2013

O gestor, que representou o PSD nas negociações do memorando de entendimento com a “troika”, aconselha o Governo a não se debruçar sobre o tema da redução do salário mínimo nacional.

O antigo ministro das Finanças, Eduardo Catroga, defende que só numa situação muito extrema se pode pensar numa descida de salários e de pensões da função pública, mas considera mais acertado o congelamento.

“A opção de congelar salários, num quadro destes, parece-me uma opção perfeitamente defensável”, argumentou Eduardo Catroga, em declarações à Renascença. “É necessário racionalizar estruturas, cortar ineficiências e não tocar nos salários e nas pensões. Só numa situação muito extrema é que se pode admitir que o Estado sequer pondere essa variável.”

Já quanto a uma eventual redução do salário mínimo nacional, aconselha o Governo a não se debruçar sobre o tema.

“As empresas que podem pagar mais que o salário mínimo nacional pagam e devem continuar a pagar. O Estado não deve imiscuir-se nas discussões de política salarial das empresas. As empresas que pode pagar, pagam, as que não podem pagar, não pagam. Agora admitir que o Estado tem que dar directivas às empresas, isso é uma visão ultrapassada”, apontou o gestor.

Questionado sobre se isso estará a ser negociado com a “troika”, Eduardo Catroga respondeu que não acredita que “a ‘troika’ se meta nisso”, que “é da esfera essencialmente empresarial”.

“Que a ‘troika’ se meta na política salarial da função pública, eu percebo, na medida em que está a financiar um Estado falido”, concluiu. 

O antigo ministro das Finanças disse ainda que o prolongamento da sétima avaliação da “troika” por mais alguns dias é um bom sinal. O homem que representou o PSD nas negociações do memorando de entendimento considera natural que a reestruturação da despesa pública demore mais tempo do que uma simples avaliação.