Passos diz que baixar salário mínimo é "sensato" em tempo de desemprego elevado

06 mar, 2013

Relativamente à manifestação de sábado, o primeiro-ministro considera que"nenhum Governo deve ficar indiferente a essas manifestações públicas", mas refere que não se deixa condicionar. "Eu não governo em função das manifestações nem dos protestos."

Passos diz que baixar salário mínimo é "sensato" em tempo de desemprego elevado
Pedro Passos Coelho rejeita aumentar o salário mínimo, actualmente nos 485 euros, na actual fase da economia portuguesa. O chefe de Governo sustenta que, quando um país enfrenta um nível elevado de desemprego, "a medida mais sensata que se pode tomar é exactamente a oposta". No debate quinzenal desta quarta-feira, no Parlamento, Passos Coelho deu o exemplo da Irlanda, que baixou o salário mínimo quando foi intervencionada pela "troika".

Pedro Passos Coelho rejeita aumentar o salário mínimo, actualmente nos 485 euros, na actual fase da economia portuguesa. O chefe de Governo sustenta que quando um país enfrenta um nível elevado de desemprego, "a medida mais sensata que se pode tomar é exactamente a oposta". No debate quinzenal desta quarta-feira, no Parlamento, Passos Coelho deu o exemplo da Irlanda, que baixou o salário mínimo quando foi intervencionada pela "troika".

"Foi isso que a Irlanda fez no início do seu programa. Mas a Irlanda tinha um nível de salário mínimo substancialmente superior ao nosso e foi por isso, presumo eu, que o governo socialista não incluiu tal cláusula no memorando de entendimento e nós não também não a quisemos adoptar", disse Passos Coelho, acusando o líder do PS, António José Seguro, de "aparecer ao país com demagogia" e de fazer propostas que contrariam "o sentido de responsabilidade".

Pedro Passos Coelho argumenta que um aumento do salário mínimo no actual contexto de crise pode ter como consequência uma subida do desemprego e defende que só quando a economia estiver a crescer é que essa possibilidade será analisada.

"Não deixaremos, em sede de concertação social, de discutir o aumento do salário mínimo nacional, levados evidentemente pelos aumentos de produtividade numa altura em que o país esteja em condições de estar a ultrapassar, a dobrar, o nível de actividade que nesta altura ainda é recessivo e que nós queremos inverter para recuperação. Nessa altura, talvez", declarou.

A estimativa para este ano é de uma recessão de 2% do Produto Interno Bruto (PIB), de acordo com a actualização avançada a 20 de Fevereiro pelo ministro das Finanças, Vítor Gaspar.

No debate quinzenal desta quinta-feira, Passos Coelho afirmou ainda que o prolongamento do prazo para atingir um défice de 3% deve-se ao facto de a União Europeia reconhecer que, na actual conjuntura,  Portugal não consegue a receita fiscal que seria desejável e também não consegue gastar com subsídios de desemprego muito menos do que gasta actualmente.

Questionado pelos partidos de esquerda sobre as manifestações de sábado, o primeiro-ministro garantiu que não governa tendo em conta o sentimento popular.

"Nenhum Governo deve ficar indiferente a essas manifestações públicas e elas são, evidentemente, para ser tidas em conta, mas eu não governo em função das manifestações nem dos protestos", declarou Passos Coelho.