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Relatório do FMI tem “erros incompreensíveis” na área da educação

15 jan, 2013 • Joana Bénard da Costa

O professor Paulo Guinote considera ainda que a divulgação do documento teve por objectivo deixar as pessoas em pânico.

O relatório do FMI contém “erros incompreensíveis” na área da educação, afirma Paulo Guinote, que participou esta segunda-feira no debate que decorre sobre a reforma do Estado, no Palácio Foz em Lisboa.

O professor considera ainda que a divulgação do documento teve por objectivo deixar as pessoas em pânico. “O efeito é assustar, é colocar as pessoas na defensiva, é criar um cenário de catástrofe eminente, e depois quando acontece apenas um pequeno terramoto, olha, estão a ver, afinal não foram assim tantos”, critica.

“A questão que se passa é a seguinte, nós nos últimos anos tivemos um movimento inaudito de aposentações de professores e de redução de contratados, os cortes de 20 e 25% que se dizem já foram feitos, portanto estes que se anunciam são em cima dos que estão feitos”, sublinha ainda o docente.

“O relatório do FMI em termos técnicos, na área da educação, tem incongruências, equívocos e erros perfeitamente incompreensíveis”, aponta Paulo Guinote.

Num debate que o Governo acompanha a par e passo através do secretário de Estado Adjunto do primeiro-ministro, Carlos Moedas, a educação foi um dos temas em análise.

Rodrigo Queiroz e Melo, outro dos intervenientes, defende um novo paradigma para a educação, com o Estado longe da gestão das escolas: “Deixar de ser o Estado central a ser o prestador, até porque, repare, isto torna-se uma situação perigosa - temos assim tanta a certeza de que o Estado está a ser exigente consigo próprio enquanto prestador?”, “ou que o Estado no seu papel de regulador está a ser exigente com Estado prestador?”

“Nem sempre temos essa garantia. O Estado deve-se reservar a um papel regulador muito forte, muito interveniente, muito presente, e as escolas devem ganhar muito mais autonomia, portanto é preciso reconfigurar o sistema educativo”, defende ainda Rodrigo Queiroz e Melo, do Fórum para a Liberdade de Educação.

O debate que decorre em Lisboa sobre a reforma do Estado é encerrado na quarta-feira pelo primeiro-ministro.