Emissão Renascença | Ouvir Online

Passos reafirma caminho da austeridade, Merkel diz que está solidária

12 nov, 2012 • Carla Caixinha

Durante uma conferência de impresa conjunta, ambos reconheceram que a realidade está mais dura e difícil que no início do programa de ajustamento acordado com a "troika".

Passos reafirma caminho da austeridade, Merkel diz que está solidária
Passos Coelho considera que a visita da chanceler alemã alemã a Lisboa permitiu a Merkel ver os progressos que o país fez a nível interno. Perante a líder da maior economia europeia, que garante estar solidária com Portugal, o primeiro-ministro voltou a defender as políticas de austeridade que o Governo tem seguido.

"Acreditamos que o caminho seguido é o único para um crescimento sustentável no futuro", disse Passos durante uma conferência de imprensa conjunta com a chanceler.

O primeiro-ministro afirmou que deu a conhecer a Merkel o progresso do programa de ajustamento, que, diz, visa corrigir os "grandes desequilíbrios herdados", estabilizar a situação financeira e lançar um conjunto de reformas estruturais. "Foi a falta de competitividade da nossa economia que nos trouxe até aqui", argumentou o chefe de Governo, aproveitando para agradecer o apoio dos parceiros europeus.

O governante português reconheceu que a realidade nacional está mais "dura e difícil", tanto a nível social como político, que no início do programa. "Estamos atentos a essas dificuldades", garantiu Passos Coelho. 

Garantiu que vai prosseguir com a sua política para tirar Portugal da actual crise, mesmo que isso implique sacrificar o consenso, e que nunca lamentará o preço a pagar por isso. "Os governos e os políticos também pagam um preço pelas decisões que têm de tomar e eu nunca lastimarei o preço que tiver de pagar para que Portugal saia da crise em que vive hoje".

"Claro que haverá sempre pessoas que nos querem caricaturar e que discordam das nossas opções, mas a política não é um exercício de permanente consenso ou unanimidade. Nós não podemos sacrificar o essencial da mudança ao consenso", afirmou Passos Coelho, ressalvando que é importante "gerar um consenso tão alargado quanto possível", para que as reformas perdurem, mas insistiu que não se pode "sacrificar o futuro à ideia de ter um consenso a qualquer preço".

O primeiro-ministro reconheceu que o processo de ajustamento decorreu de uma forma "mais intensa e rápida, mas, assim, o país conseguiu em quase dois anos o que inicialmente estava previsto para 2016". Agora, Passos Coelho refere que o principal objectivo é "dar mais profundidade à reforma da despesa do Estado".

Por sua vez, Angela Merkel afirmou que a Alemanha demonstrou e continuará a demonstrar solidariedade. "Os nossos dois países têm uma amizade tradicional e, nestes tempos complicados, estamos a cooperar estritamente. A minha visita é uma oportunidade para conhecer melhor o país", afirmou. 

Quando à austeridade, a chanceler deixou o seu ponto de vista. "Não se trata de austeridade em si - trata-se de evitar a acumulação de dívidas que impossibilitem a vida de gerações futuras", afirmou, reconhecendo que "o povo sente o impacto" das medidas.

"A minha visita a Portugal acontece no momento em que se sentem os efeitos do programa de ajustamento, o povo sente esse impacto", reconheceu.