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João Cravinho diz que alteração da TSU é “erro colossal”

18 set, 2012 • Lídia Magno

Antigo ministro das Obras Públicas falava à saída de uma audição no Parlamento sobre as parcerias público-privadas, das quais foi grande impulsionador e onde admitiu erros na concessão de algumas parcerias.

João Cravinho diz que alteração da TSU é “erro colossal”
Os ataques à medida do Governo para baixar a TSU para as empresas continuam. Esta terça-feira, nova opinião demolidora de João Cravinho, antigo ministro socialista, que fala em “erro colossal” e “indigência intelectual” por parte do Executivo.

“Foi um anúncio, primeiro do primeiro-ministro, depois do ministro das Finanças, de medidas que não me parece que tenham sido sequer bem estudadas, algumas delas com grande estrondo e destinadas a fazer reacções fortíssimas que não foram sequer pensadas ou ponderadas, e no caso da TSU um erro colossal”, defende o socialista.

“As justificações avançadas são de uma indigência intelectual e prática assinaláveis, mesmo entre governantes muito atrapalhados”, critica.

João Cravinho considera que as mudanças na TSU seriam uma espécie de Robin dos Bosques, mas ao contrário. O antigo ministro das Obras Públicas falava à saída de uma audição no parlamento sobre as parcerias público-privadas, das quais foi grande impulsionador.

Erros na concessão de algumas parcerias
Agora, admite "erros", com prejuízo para o Estado. Primeiro na concessão à Fertagus dos comboios na ponte sobre o Tejo, um erro baseado na certeza do número de passageiros que não se verificou, um erro que causou um rombo de 45 milhões de euros ao Estado só nos primeiros anos.

João Cravinho também justificou a implementação de auto-estradas SCUT a Norte a Oeste para cumprir o que chamou ‘conceito estratégico do território’, compatível na altura com o financiamento rodoviário.

“O que eu fiz e contraí com responsabilidade era perfeitamente compatível com a economia rodoviária financiável pelos impostos rodoviários. Portanto não tinha esse problema, aliás o Banco Europeu de Investimento acompanhava este problema com muitas instruções expressas da Comissão Europeia de verificar a compatibilidade orçamental. Eles estiveram em todas as SCUT”, defende.

Já o PSD fala em total desresponsabilização do ex-ministro. O social-democrata Mendes Bota acusa-o de ser o “pai” de um modelo que é um fardo para o país.

“Nós assistimos hoje aqui a um exercício de desresponsabilização por parte do senhor engenheiro Joao Cravinho, que como todos sabem foi um dos ‘pais’ na construção de um modelo de construção de estruturas rodoviárias e também ferroviárias que hoje se vem a constatar que constitui um fardo demasiado pesado, não só para a geração actual dos portugueses, mas também para as gerações futuras,” criticou.