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PCP

Primeiro-ministro "já não tem pejo nenhum em mentir"

04 abr, 2012

Já o Bloco de Esquerda acusa o Governo de eleitoralismo e desvalorização salarial, depois de saber que Passos Coelho admite reposição dos subsídios apenas a partir de 2015.

Primeiro-ministro "já não tem pejo nenhum em mentir"

O secretário-geral do PCP afirmou esta quarta-feira que as declarações do primeiro-ministro sobre a reposição gradual dos subsídios demonstram que Passos "já não tem pejo nenhum em mentir" aos portugueses e que o memorando de entendimento "não está datado".

"Vem Passos Coelho dizer que afinal o fim do corte [dos subsídios] não é para 2013, já nem sequer para 2014, mas para 2015, e mesmo assim com um pagamento faseado, diminuído, numa demonstração clara de que este pacto de agressão não está datado, que é de facto um instrumento que hoje o capital nacional e internacional e o Governo de direita usam e instrumentalizam contra os trabalhadores", disse Jerónimo de Sousa.

O primeiro-ministro afirmou em entrevista à Renascença que os subsídios de férias e de Natal serão repostos gradualmente a partir de 2015, argumentando que o programa de ajuda externa a Portugal decorre até 2014 e tem uma base anual.

Bloco acusa Governo de "desvalorização salarial"
Por seu lado, o Bloco de Esquerda acusa o Governo de "desvalorização salarial" e querer fazer "falso aumento salarial" em ano de eleições.

O deputado bloquista João Semedo defendeu também que o primeiro-ministro nunca disse que a reintrodução dos subsídios seria em 2015, nem de forma gradual e acusou Passos Coelho de querer fazer "desvalorização salarial" com diluição em 12 meses.

"Ao imaginar que é possível incorporar o valor dos dois subsídios nas remunerações mensais de 12 meses, isso significa que não se está a fazer regressar os subsídios mas a fazer uma desvalorização do valor salarial, porque o salário é a remuneração mensal e a passagem de 14 para 12 meses significará isso, é um falso aumento salarial", defendeu João Semedo.

"Ainda por cima, em 2015, ano de eleições", reforçou.

Questionado sobre a reposição dos cortes nos subsídios de férias e de Natal aplicados ao sector público e aos pensionistas, Passos Coelho afirmou que o Governo pretende "repor gradualmente esses subsídios", porque "dificilmente o Estado conseguiria encaixar num ano a reposição de todo esse benefício".

Interrogado sobre quando é que essa reposição vai começar a ser feita, o primeiro-ministro respondeu: "Eu creio que é depois de 2014, porque o nosso programa de ajustamento decorre até 2014, portanto, só depois disso, como é evidente, e tem uma base anual.  Portanto, a partir de 2015 haverá reposição desses subsídios".

 "Com que ritmo, com que velocidade? Não sabemos. É inequívoca a vontade do Governo de o fazer, respeitaremos a decisão do Tribunal Constitucional nessa medida", concluiu Passos Coelho.