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Jerónimo de Sousa

"Seria criminoso não preparar saída de Portugal do euro"

07 jul, 2015

Líder do PCP apresentou o programa eleitoral para as eleições legislativas.

"Seria criminoso não preparar saída de Portugal do euro"

O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, considera que seria “criminoso” não preparar uma eventual saída de Portugal da zona euro.

“Entre contradições e hesitações que existem, aquilo que é relevante o processo encaminha-se nesse sentido, tem razão o PCP quando afirma que em relação às questões do euro seria criminoso que não nos preparássemos, que não estudássemos, para uma eventual saída, seja por vontade nossa, seja por vontade de outros”, disse o líder comunista na apresentação do programa eleitoral do partido, que decorreu em Lisboa.

O PCP também defende o alargamento dos escalões do IRS, a redução da taxa normal de IVA e da taxa máxima do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI) e o aumento do salário mínimo para 600 euros no início de 2016.

No programa para as eleições legislativas do final do Verão, o partido propõe o alargamento dos critérios de atribuição do subsídio de desemprego, a reposição e aumento das pensões e a  renegociação da dívida pública portuguesa.

Jerónimo de Sousa não fecha a porta a acordos com o PS, mas admite que será difícil, desde logo porque os socialistas, diz, atiraram “para debaixo do tapete a questão da renegociação da dívida”.

“Isto colide com qualquer possibilidade de acordo com base nas coisas concreta. O mesmo em relação à Segurança Social. Nós ficamos preocupados por ver o PS com uma proposta idêntica ou pior do que a direita”, critica o líder comunista.

Se não houver maioria absoluta que chegue para formar Governo, Jerónimo de Sousa não quer excesso de protagonismo por parte do Presidente da República nas semanas após as legislativas.

“Trata-se, claramente, de um abuso essa concepção de que será o Presidente da República a dizer se aceita ou não aceita este ou aquele Governo. Como é sabido, são as maiorias que se formam na Assembleia da República, é a Assembleia da República que decide dessa formação e do programa desse Governo. Portanto, poderíamos dizer que o senhor Presidente da República subiu acima do chinelo, terá com certeza de aceitar as decisões do povo português.”

Para os comunistas, PS, PSD e CDS estão todos metidos no “mesmo saco”. O PCP diz estar disponível para assumir todas as responsabilidades após as eleições de Outubro.

Sobre a situação na Grécia, Jerónimo de Sousa considera que “nada pode apagar a forma como os trabalhadores e o povo grego se levantaram contra a chantagem, a pressão, a tentativa de humilhação de um povo por parte da União Europeia e das suas instituições”.