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Grécia

Esperança de Vera Jardim está no bom senso. "Um acordo ainda é possível"

30 jun, 2015 • José Pedro Frazão

Os comentadores do Falar Claro analisam o referendo grego às propostas dos credores avançada pelo Governo de Atenas. Vera Jardim e Morais Sarmento colocam dúvidas sobre a natureza dessa consulta popular e admitem que havia outra estratégia para Tsipras.

Esperança de Vera Jardim está no bom senso. "Um acordo ainda é possível"
Os comentadores do Falar Claro analisam a proposta de referendo ás propostas dos credores avançada pelo Governo grego. Vera Jardim e Morais Sarmento colocam dúvidas sobre a natureza dessa consulta popular e admitem que havia outra estratégia para Tsipras.
A poucos dias do referendo convocado pelo governo grego, Nuno Morais Sarmento e Vera Jardim levantam dúvidas sobre a própria credibilidade da consulta popular.

“Alguém acredita que a Grécia consegue organizar um referendo? Não é uma fraude de referendo [mas] pergunto se este referendo é mesmo para fazer ou não chega até sexta-feira?”, questiona o antigo ministro social-democrata. O socialista Vera Jardim concorda: “Um referendo em cinco dias? Não sei bem como é que se organiza”. 

Apesar de tudo, Vera manifesta esperança num entendimento sobre a Grécia baseado no bom senso.

"Ainda tenho esperanças de que, no meio disto tudo, o bom senso prevaleça e consigamos encontrar nos próximos dias, com referendo ou sem referendo, um acordo. Um acordo ainda é possível. Felizmente, não sou só eu a achar. A senhora Merkel e os líderes europeus, de um modo geral, continuam a afirmá-lo, porque a situação não é grave só para a Grécia. Sabemos que é grave, mas não sabemos o âmbito e até onde vai a gravidade desta situação para a Europa”, alerta o antigo ministro da Justiça.

Uma solução portuguesa
Para Morais Sarmento, a estratégia do governo não faz muito sentido, tendo em conta a solução que decidiram adoptar.

“Se é porque entendem que não há mandato, então deviam ter travado isto e actuado de outra maneira há um mês e meio. Se não, então é porque estavam disponíveis para, no final da negociação que eles constroem, assumi-la e a pô-la em cima da mesa”, defende o social-democrata para quem Alexis Tsipras tinha a opção de aceitar um acordo e precipitar a realização de eleições antecipadas.

“Ele podia fazer, no fundo, a solução portuguesa. Assinava, mas, por ultrapassar o mandato, porque levanta questões e obriga a uma pronúncia, chama-se o país no momento seguinte a um referendo ou eleições [antecipadas]. Isto é a solução portuguesa. Foi o que nós fizemos”, diz Morais Sarmento numa referência ao pedido de ajuda externa desencadeado por José Sócrates que antecedeu a realização de eleições em 2011.

Vera Jardim insiste que o Governo e o povo gregos têm “inteira legitimidade” para se pronunciarem sobre o seu futuro na Europa, sobretudo no euro, apesar dos riscos dessa consulta popular.

“Devemos dizer com clareza que este referendo, evidentemente, vai ter efeitos sobre a permanência da Grécia no euro. É um sim ou não à permanência da Grécia no euro. O afastamento da Grécia do euro será também uma derrota para a Europa, um golpe grave e profundo na União Europeia”, conclui o antigo deputado socialista.