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Vender a TAP barata seria "cereja no topo do bolo" dos erros do Governo

14 mai, 2015 • Susana Madureira Martins

António Costa recorda que normalmente o Governo teria apenas mais quatro semanas de mandato e que só "circunstâncias excepcionais" permitiram a prorrogação durante mais uns meses.

Vender a TAP barata seria "cereja no topo do bolo" dos erros do Governo
O líder socialista António Costa considera que a venda da TAP a baixo preço seria a "cereja no topo do bolo" dos erros do Governo.

Falando à margem do fórum sobre políticas públicas, em Lisboa, o socialista defendeu que essa possibilidade seria altamente negativa, depois de todas as alternativas apresentadas pelos parceiros sociais, sindicatos e pelos próprios socialistas.

"Seria a cereja em cima do bolo para demonstrar a forma altamente negativa como o Governo conduziu todo este processo", sublinha.

"Eu nem sei como classificar as palavras do primeiro-ministro. O PS já se disponibilizou para um acordo sobre a capitalização pública, com a autorização de Bruxelas; para apoiar a privatização parcial, por via da dispersão em bolsa; e mesmo para aceitar mesmo uma privatização até 49%. O Governo recusou uma solução, recusou duas soluções e recusou três soluções. Teimou em levar avante a solução que sabia que tinha a discordância do PS, da generalidade dos portugueses, das estruturas sindicais, e depois vem dizer que a responsabilidade é nossa?"

"É preciso o primeiro andar muito distraído, ou então com excesso de nervosismo para não andar atento e não querer sequer ouvir o que os outros lhe dizem", conclui.

António Costa recorda que o Governo está a tomar decisões em final de legislatura, uma legislatura que, diz, já devia estar a terminar: "O Governo tem gerido particularmente mal processos que requeriam grandes consensos políticos e onde era possível haver grandes consensos políticos. Os casos da TAP, da Carris e do Metro são absolutamente exemplares". 

O líder do PS sublinha que o país está prestes a entrar numa situação política muito especial. "Em condições normais daqui a três semanas este governo cessaria funções, porque estamos a três semanas de quatro anos sobre as últimas eleições. Só por circunstâncias excepcionais previstas na Constituição é que este mandato se vai prorrogar mais uns meses."

"Mas estamos a falar de decisões que são estratégicas para o país. Termos ou não termos TAP, a sobrevivência da ligação aérea de Portugal ao mundo é algo que não depende de um Governo, nem deste nem do próximo, é algo essencial à soberania nacional", insiste António Costa.