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A dimensão da “sonsice” VIP e um “desconto” marcam tarde no Parlamento

01 abr, 2015

O PS classificou de "sonsice política" a forma como o Governo tem lidado com o dossiê da lista de contribuintes VIP.  Passos atribui "crispação" ao clima pré-eleitoral.

A dimensão da “sonsice” VIP e um “desconto” marcam tarde no Parlamento

O líder parlamentar do PS referiu-se esta quarta-feira ao “exemplo" do ex-ministro Miguel Macedo para criticar a "sonsice" do Governo na questão da lista de contribuintes VIP, mas o primeiro-ministro contrapôs que tirará conclusões das investigações em curso.

"Até onde irá esta espécie de sonsice política do Governo?" questionou Ferro Rodrigues, depois de criticar a ausência de consequências políticas no executivo após a Comissão Nacional de Protecção de Dados ter confirmado a existência de uma lista de contribuintes VIP no âmbito da Autoridade Tributária.

Na sua terceira intervenção perante o primeiro-ministro, na abertura do debate quinzenal, na Assembleia da República, o líder parlamentar do PS usou a ironia para caracterizar como "absolutamente extraordinário" o facto "de toda a gente menos o Governo" conhecer a existência dessa lista VIP.

"Nunca se viu tanta desresponsabilização, tanta política de passa culpas como neste tema. O que se passou como a ministra de Estado e das Finanças [Maria Luís Albuquerque] e com o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais [Paulo Núncio] ultrapassou todos os limites", advogou Ferro Rodrigues, antes de elogiar o actual deputado do PSD Miguel Macedo, que se demitiu em Novembro do cargo de ministro da Administração Interna na sequência do caso dos vistos “gold”.

Pedro Passos Coelho usou um tom de voz moderado para responder a Ferro Rodrigues, alegando que à medida que as eleições legislativas se aproximam "tenderá a aumentar no parlamento a crispação política artificial".

"Mas darei o desconto de tempo a essa crispação a que não corresponderei", advertiu o líder do executivo, antes de referir o que se passou, na sua perspectiva, com a lista de contribuintes VIP.

O líder parlamentar do PS confrontou também o primeiro-ministro com a subida do desemprego para os 14,1%, em Fevereiro.

Segundo Ferro Rodrigues, o emprego recuou "20 anos em Portugal" e o desemprego estrutural "é uma ameaça" para o país a médio e longo prazos.

Na resposta, o primeiro-ministro disse que era sua expectativa que Ferro Rodrigues reconhecesse que a economia portuguesa está a crescer, sendo o "patamar mínimo" previsto para este ano 1,5%. Pedro Passos Coelho defendeu ainda que é positivo o desempenho de Portugal ao nível da redução do desemprego nos últimos anos.