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Jardim deputado? "Tenho de fazer contas à vida, na política não se enriquece"

27 jan, 2015 • Susana Madureira Martins

Ainda não decidiu se assume o lugar de deputado ou uma candidatura à Presidência. E cita a vitória do Syriza para pedir uma alternativa para Portugal.

Jardim deputado? "Tenho de fazer contas à vida, na política não se enriquece"
O presidente demissionário do Governo Regional da Madeira diz que ainda não decidiu se assume o lugar de deputado na Assembleia da República, nem se é candidato a Belém. Tomando como exemplo a vitória do Syriza na Grécia, o ex-líder regional espera que em Portugal apareça um partido ao centro que seja uma alternativa credível, mas não radical.

O presidente demissionário do Governo Regional da Madeira afirmou esta terça-feira que ainda não decidiu se assume o lugar de deputado na Assembleia da República nem se é candidato à Presidência da República.

Alberto João Jardim não excluiu nenhuma destas hipóteses em declarações aos jornalistas, à saída de uma audiência com o Presidente da República, Cavaco Silva, no Palácio de Belém, em Lisboa, que ocorreu a pedido de Jardim.

O governante só tem uma certeza: acabou o tempo como presidente do Governo regional da Madeira. Quanto ao resto, mantém-se com dúvidas. “Eu tenho de fazer contas à vida, na política não se enriquece, ou não se devia enriquecer. E ter duas casas não é fácil, maneira que tenho que ver quais são as condições”, afirmou.

“Embora o dever de Estado não deva olhar a meios, também não devemos entrar em situações que não conhecemos. A decisão não está tomada porque eu não conheço a situação de um deputado na Assembleia da República”, frisou.

O presidente demissionário do governo regional madeirense tem dúvidas também se vale a pena candidatar-se à Presidência da República. “Uma candidatura a Belém no nosso sistema partidocrático não é possível sem o apoio de um partido. E não tendo o apoio de um partido, a pessoa que reúna as 7.500 assinaturas pode-se candidatar”, apontou.

“É preciso que se tenha as mesmas oportunidades, e não têm sido dadas, apesar das recomendações da Comissão Nacional de Eleições, para que os candidatos que não são apoiados pelos partidos do regime, tenham igual tratamento na comunicação social”, acrescentou Alberto João Jardim.

Alternativa credível e não radical
Tomando como exemplo a vitória do Syriza na Grécia, o ex-líder regional espera que em Portugal apareça um partido ao centro que seja uma alternativa credível aos partidos do actual regime, mas o que surgir não pode ser radical. "Eu penso que em Portugal seria necessário na zona do centro-direita ou do centro-esquerda aparecer um Syriza, mas um Syriza não radical", disse Jardim aos jornalistas.

Afirmando-se "anti-austeridade", o presidente demissionário disse ter-se sentido confortado por ver o Syriza ganhar as eleições gregas, apesar de se opor, ao "radicalismo deles".

"Para quem discorda como eu das políticas de austeridade, mas não é radical, nem de esquerda nem de direita no sistema partidocrático, que está carunchoso, seria interessante aparecer, ao centro, uma coisa credível", declarou.