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Vitória sem maioria “pode ser uma sorte” para o Syriza

25 jan, 2015

Marcelo Rebelo de Sousa considera que há duas maneiras de a Europa reagir à vitória da esquerda radical na Grécia:  uma “burra” e “arrogante” e outra maneira “mais inteligente” e que passa por encontrar “pontos de entendimento”.

Vitória sem maioria “pode ser uma sorte” para o Syriza

A vitória do Syriza na Grécia é um momento "histórico" e o facto de não ter alcançado a maioria absoluta pode ser uma boa notícia para o partido de Alexis Tsipras, defende Marcelo Rebelo de Sousa.

O antigo líder do PSD assinala o fim da alternância na Grécia entre centro-esquerda e centro-direita e a chegada ao poder de um partido da esquerda radical.

No seu habitual espaço de comentário aos domingos na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa diz que "pode ser uma sorte" para o Syriza "não ter maioria absoluta".

Se Alexis Tsipras alcançasse a maioria absoluta, as bases iriam exigir-lhe o cumprimento de todas as promessas eleitorais. Sem ela, "tem um álibi para negociar com outros partidos que estejam na família socialista, ou que estejam numa posição teoricamente mais moderada".

O Syriza é um partido antiausteridade, que pretende renegociar a dívida da Grécia, que é a maior da União Europeia.

E como irá reagir a União Europeia a este resultado? Marcelo admite que pode ser duas maneiras: de forma "burra" e "arrogante" ou de outra maneira "mais inteligente" e que passa por encontrar "pontos de entendimento".

Da vacina aos dois dominós
Sobre as consequências da vitória do Syriza, o comentador antevê três possíveis cenários.

A primeira é a da direita, que apelida de "teoria da vacina", segundo a qual Alexis Tsipras, para não trair os seus ideais vai entrar em confronto com a Europa. "Ou aquilo corre mal porque a Europa lhe fecha as portas, ou começa a ter problemas na sua base da apoio, o que [se traduz] numa vacina para a Europa".

À esquerda, há as teorias do "dominó suave e do dominó duro". Nesta última, os mais próximos do Syriza, como o Bloco de Esquerda, PCP e Livre, prevêem que  Alexis Tsipras não vai ceder perante a Europa e fará "cair as políticas" de austeridade de Bruxelas, refere Marcelo.

"Depois ainda há o dominó moderado, género PS, Socialistas Europeus, que [acham] que o Syriza pode obrigar Bruxelas a mudar de posição. (…) [Acreditam que vai conseguir] moderar as políticas de austeridade em que nos encontramos".

[notícia actualizada às 06h47]