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Sócrates. "Não fui confrontado com factos nem com provas"

02 jan, 2015

O ex-primeiro-ministro que se encontra em prisão preventiva volta a escrever a um órgão de comunicação social para "legítima defesa".

Sócrates. "Não fui confrontado com factos nem com provas"

O ex-primeiro-ministro José Sócrates respondeu, por escrito, a seis perguntas da TVI. Sócrates reafirma que o faz em legítima defesa, contra a “sistemática e criminosa violação do segredo de justiça”. O detido 44 do Estabelecimento Prisional de Évora está também “contra a divulgação de ‘informações’ manipuladas, falsas e difamatórias”, contra a “transferência do julgamento para uma praça pública” e contra “uma versão deturpada das coisas”.

O antigo líder socialista repete que não foi confrontado “nem com factos nem com provas” quando foi interrogado pelo juiz Carlos Alexandre no Tribunal Central de Instrução Criminal. “E isto é válido para todos os crimes que me imputam, que considero gravíssimos para quem exerceu funções públicas.”  Sócrates disse que existe um "poder obscuro", que tem "puro arbítrio e despotismo", com "impunidade absoluta" e decisões com "desproporcionalidade nos direitos fundamentais".

Considerou ainda que "à prisão física sempre quiseram somar, em certo sentido, a prisão da opinião pública" e responsabilizou diretamente "os que têm o processo à sua guarda e não o guardaram como devia". Sócrates frisou também que o segredo de justiça "apenas foi imposto à defesa", além de "a proibição de entrevistas, do contraditório".

Na resposta à TVI, José Sócrates reitera que se trata de um processo de contornos políticos ao mesmo tempo que confirma que pediu emprestado dinheiro ao amigo Carlos Santos Silva, também arguido neste caso. “O que importa deixar claro é que o facto de o Engº Carlos Santos Silva me ter emprestado dinheiro, muito ou pouco, não transforma o dinheiro dele em dinheiro meu! Isso, convenhamos, é um completo disparate”.

José Sócrates foi detido a 21 de Novembro, no aeroporto de Lisboa, depois de viagem desde Paris. O ex-chefe do Governo está indiciado dos crimes de branqueamento de capitais, fraude fiscal qualificada e corrupção. Desde 25 de Novembro que Sócrates se encontra detido preventivamente no Estabelecimento Prisional de Évora.