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Jorge Lacão demite-se do secretariado nacional do PS

28 mai, 2014

O socialista sai devido a divergências com a direcção de António José Seguro.

Jorge Lacão demite-se do secretariado nacional do PS

É a primeira demissão no núcleo duro do PS depois do anúncio de António Costa de que quer avançar para a liderança do PS: Jorge Lacão apresentou a sua demissão do Secretariado Nacional do PS por divergências em relação à linha da actual direcção liderada por António José Seguro.

"Considerando que o secretariado nacional é um órgão de coesão que vive numa relação de confiança directa do secretário-geral e com o secretário-geral, tendo eu posição manifestamente diferente daquela que outros meus camaradas, em nome da direcção do partido, já assumiram, entendo que, para assumir esta posição de forma franca perante todos, não devo estar condicionado por uma lealdade funcional, que naturalmente me condicionaria na minha tomada de posição", afirmou aos jornalistas, esta quarta-feira, no Parlamento.

Jorge Lacão, que é deputado, entrou para o secretariado nacional do PS na sequência do último congresso dos socialistas em Abril de 2013.

No início de 2013, Jorge Lacão esteve para desempenhar as funções de director de campanha da candidatura então não concretizada de António Costa à liderança do PS.

Depois, na sequência do acordo entre Seguro e António Costa, numa lógica de maior abrangência de todas as sensibilidades internas na direcção deste partido, Jorge Lacão entrou para o Secretariado Nacional do PS.

Seguro devia ser "o primeiro" a convocar congresso
Lacão desafia Seguro a convocar eleições directas e um congresso extraordinário.

"Considero que o secretário-geral do Partido Socialista deveria ser o primeiro a considerar da oportunidade de convocar o congresso", diz.

"Não se põe em causa a legitimidade de quem a tem. O que se põe em causa é que a importância das decisões políticas que estão em causa implicam que o partido no seu conjunto se pronuncie e creio que o secretário-geral do Partido Socialista deverá ser o primeiro a compreender essa exigência", acrescentou.

Para Lacão, "ser líder do PS para poder ser líder do país implica uma grande força e uma grande base política de sustentação". Por isso, o PS "tem que clarificar" a sua situação interna.

Portugueses ainda sem "relação de confiança" com PS
Tal como outros socialistas (como António Costa, Ferro Rodrigues e Carlos César) já defenderam, também Jorge Lacão considera que a derrota dos partidos da maioria nas eleições europeias de domingo não foi acompanhada por uma vitória expressiva do PS.

"Creio que estas eleições, tendo marcado uma vitória do PS, ficaram manifestamente aquém daquilo que é necessário. Creio que aquilo que é necessário é que os portugueses retomem uma relação de confiança com o PS e que essa relação de confiança permita alargar a base do partido, tanto à sua esquerda, como à sua direita. Para isso, as pessoas precisam de se reconhecer numa liderança que, inequivocamente, seja capaz de fazer essa mobilização."

[actualizado às 16h09 com as declarações de Jorge Lacão]