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"Governo é contra o 25 de Abril". Cavaco "nunca usou um cravo"

25 abr, 2014

Nos 40 anos da revolução, o antigo primeiro-ministro e Presidente da República Mário Soares elogiou os militares e a população.

"Governo é contra o 25 de Abril". Cavaco "nunca usou um cravo"

O Governo de coligação PSD/CDS é contra o 25 de Abril e o Presidente da República, Cavaco Silva, nunca usou um cravo, acusou esta sexta-feira Mário Soares.

Nos 40 anos da revolução, o antigo primeiro-ministro e Presidente da República elogiou os militares e a população.

“Os militares é um fenómeno nunca visto, porque ganharam a revolução porque o povo todo veio no 25 de Abril manifestar-se como se manifestou hoje nas ruas. Isso é que é extraordinário é, tantos anos depois, ver hoje uma reacção, não é só em Lisboa, é em todo o país, brutalmente a favor do 25 de Abril quando todos sabem que o actual Governo é contra o 25 de Abril. O Presidente da República Portuguesa nunca foi capaz de usar um cravo”, afirmou Mário Soares.

O fundador do PS falava num debate promovido pela Fundação Mário Soares, no Museu do Oriente, em Lisboa.

Entre os convidados estavam o antigo Presidente do Brasil Lula da Silva e Manuel Alegre, que também não poupou nas críticas ao Governo.

O histórico socialista que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, não ouve os portugueses e, quando isso acontece, geralmente acontecessem rupturas. “Este primeiro-ministro acha que a democracia começa e acaba no dia das eleições. Não. Há muitas outras formas de viver e de praticar a democracia e quando um Governo se fecha e não ouve a voz do povo e não ouve a opinião pública, isso pode levar a situações de ruptura que nunca se sabe como começam e nunca se sabe como podem acabar”, afirmou Manuel Alegre.

O Parlamento representou o povo neste 25 de Abril? Manuel Alegre argumenta que “aquela Assembleia da República saiu do voto popular, mas os portugueses também têm que aprender que o voto tem consequências, positivas ou negativas”.

“O voto é uma arma, mas às vezes é uma arma que se vira contra as próprias pessoas”, sublinha o poeta.