Mário Soares diz que o Papa também alertou para a violência

O antigo presidente da República Mário Soares considera que a sua opinião coincide com a do Papa Francisco, relativamente ao perigo de violência devido à actual situação económico-social.

"Isto vai resultar numa grande violência. [O Papa Francisco] Disse isso dois dias depois de eu dizer", afirmou o fundador do PS, esta quarta-feira, no lançamento do seu novo livro "A esperança é necessária".

“O Papa vem dizer exactamente o que eu digo, é preciso cuidado porque vem aí a violência em todos os ramos. Eu fiquei contentíssimo por ter visto que o Papa era uma pessoa que não temia as coisas e dizia a verdade”, sublinhou Mário Soares, na apresentação que decorreu no Centro Cultural de Belém, Lisboa.

O antigo Presidente da República respondeu assim aos que o acusaram de incitar à violência no encontro da semana passada, na Aula Magna, em Lisboa.

Mário Soares considera que, na sequência dessa reunião, Cavaco Silva ficou “atemorizado” e enviou a o diploma da convergência das pensões para o Tribunal Constitucional.

“Quando nada se passa a não ser a roubalheira das pensões e dessas coisas, quando todo o país está a odiar o Governo e, diga-se de passagem, o Presidente da República, não o esqueçamos, eu penso que ele está agora atemorizado e isso é uma boa coisa, porque logo a seguir à Aula Magna ele pensou duas vezes e disse: ‘vamos lá fazer esta coisa a ver se pega. Realmente os sindicatos ficaram satisfeitos, toda a gente bateu palmas, vamos lá ver o que vem agora a seguir, se continua ou se desiste”, sublinhou.

Perante o descontentamento geral do país, Mário Soares deixou uma farpa ao Partido Socialista: “Se o PS fosse um bocadinho mais activo tinha 90%, com certeza”, afirmou.

O objectivo do livro é devolver a esperança aos portugueses, mas Mário Soares mantém a convicção de que a violência está à porta.