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Nova ministra no centro do caso "swap"

02 jul, 2013 • Sandra Afonso

Envolvimento de Maria Luís ALbuquerque com os contratos de alto risco começou anos antes de chegar ao Governo.

A nova ministra das Finanças está no centro dos empréstimos “swap”. Maria Luís Albuquerque herdou o caso do anterior Governo e é considerada uma das responsáveis pela condução do processo. Enquanto directora financeira da empresa REFER fez cinco contratos "swap".

Uma dupla condição que a deixou debaixo dos holofotes enquanto secretária de Estado do Tesouro. Agora, como ministra das Finanças, as luzes ficaram ainda mais fortes.

O envolvimento da nova ministra com os empréstimos “swap” começou anos antes de chegar ao Governo. Maria Luis Albuquerque era responsável pela direcção financeira da Refer, quando a empresa pública fechou cinco de seis contratos “swap”.

Este é um instrumento financeiro utilizado em empréstimos, completamente válido, no entanto, várias empresas públicas indexaram os juros a indicadores como o preço do petróleo, com perdas potenciais avultadas, o que os tornou especulativos e altamente tóxicos.

A Refer tem pelo menos dois contratos considerados especulativos, mas Maria Luís Albuquerque rejeitou qualquer responsabilidade, quando no final do mês passado foi à comissão parlamentar de inquérito, na altura ainda como secretária de estado.

Maria Luís Albuquerque foi ainda mais longe e, numa altura em que os contratos mais polémicos estão fechados, conclui que o Estado até ficou a ganhar.

Estas contas fora contestadas pela oposição. O Bloco de Esquerda, que já chama a governante de “senhora swap”, disse na comissão parlamentar que o Governo está a enganar os portugueses. O socialista João Galamba falou numa “profunda aldrabice financeira”.

E porque é que o Governo só actuou agora, dois anos depois de tomar posse? A troca de acusações entre anteriores governantes e actuais deu novos passos este fim-de-semana, depois do anterior ministro das Finanças Teixeira dos Santos ter vindo garantir que as “swap” foram abordadas na passagem de testemunho entre ministros.

O executivo de Passos Coelho confirma, mas também acrescenta que a informação disponibilizada foi insuficiente, uma posição reforçada esta segunda-feira por Maria Luís Albuquerque.

O ex-secretário de Estado do Tesouro, Costa Pina, defendeu-se e tornou público o despacho assinado na recta final do mandato, um documento que, no entanto, nunca refere a situação específica dos “swap”.

Continua assim por esclarecer quem sabia o quê e desde quando, o que não impediu que este caso já tenha feito baixas, entre elas estão secretários de Estado e administradores.

Outra questão é quanto vai custar este caso aos contribuintes. Maria Luís Albuquerque garante que o saldo é neutro. A história o dirá.