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25 de Abril

Cavaco defende que combate ao desemprego deve ser prioridade do Governo

25 abr, 2013

No discurso do 25 Abril, o Presidente da República lembra as “consequências gravosas” do ajustamento português, mas destaca “objectivos alcançados” nestes dois anos.

Cavaco defende que combate ao desemprego deve ser prioridade do Governo
No discurso das cerimónias comemorativas do 25 de Abril, o presidente da república avisou os partidos que "a fadiga da austeridade não pode ser explorada politicamente", e pediu consensos alargados. Cavaco Silva sublinha que as estimativas falharam e a recessão é mais produnda do que o esperado, e que a prioridade do governo tem de ser o combate ao desemprego.

O Presidente da República defendeu esta quinta-feira a colocação do combate ao desemprego como uma prioridade da acção governativa e admitiu que alguns dos pressupostos do programa de assistência financeira não se revelaram ajustados à realidade.

"Dois anos decorridos sobre a concretização do programa de assistência financeira, o reconhecimento objectivo de aspectos positivos não nos deve desviar a atenção do programa mais dramático que Portugal enfrenta: o agravamento do desemprego e o aumento do risco de pobreza, em resultado de uma recessão económica cuja dimensão ultrapassa, em muito, as previsões iniciais", referiu o chefe de Estado, no seu discurso na sessão solene do 39º aniversário do 25 de Abril, que decorreu na Assembleia da República.

Depois de dedicar a parte inicial da intervenção aos objectivos alcançados desde que teve início o programa de assistência financeira, o Presidente da República fez um parêntesis para sublinhar que "o combate ao desemprego deve ser uma prioridade da acção governativa".

"Esta destruição de capital humano coloca graves problemas pessoais, familiares e sociais, tendo ainda um impacto muito negativo sobre o crescimento potencial da nossa economia", assinalou, destacando que, além dos jovens, outro grupo tem sido "gravemente afectado e infelizmente esquecido", ou seja, quem tem entre 45 e 65 anos.

Reconhecendo que o efeito recessivo das medidas de austeridade revelou-se "superior ao previsto, provavelmente por falha nas estimativas", Cavaco Silva notou igualmente que "alguns dos pressupostos do programa não se revelaram ajustados à evolução da realidade, o que suscita a interrogação sobre a 'troika' não os deveria ter tido em conta mais cedo".

Pois, continuou, na verdade o impacto recessivo das medidas de austeridade e a revisão, "para pior", da conjuntura internacional têm afectado significativamente o esforço de consolidação orçamental, nomeadamente a redução do défice e a contenção do crescimento da dívida pública.

"Neste contexto, as metas iniciais do défice público revelaram-se uma impossibilidade e acabaram por ser revistas. Agora prevê-se que apenas em 2015 Portugal deixará de se encontrar numa situação de défice excessivo", frisou, ressalvando, contudo, que é "um sinal positivo" o défice primário estrutural ter sofrido uma redução de seis pontos percentuais do PIB nos últimos dois anos.

A propósito da redução do défice, Cavaco Silva aproveitou para deixar a 'sugestão' de que, após a intervenção externa, "poderá ser preferível fixar limites ao crescimento da despesa pública, os quais, sendo mais fáceis de avaliar, tornam o processo de consolidação orçamental mais credível e transparente".

É preciso uma reflexão “serena e objectiva” sobre programa da “troika”
O Presidente da República propôs esta quinta-feira uma reflexão "serena e objectiva" do programa de assistência financeira, sublinhando que, apesar das consequências gravosas, há que reconhecer os objectivos alcançados e o sentido de responsabilidade revelado pelos portugueses.

"É indiscutível que a execução do programa tem revelado consequências gravosas, que se fazem sentir duramente no dia-a-dia dos portugueses, em especial daqueles que não têm emprego”, começou por dizer. Mas, acrescentou Cavaco, “com idêntica imparcialidade devemos também reconhecer os objectivos alcançados", afirmou o chefe de Estado.