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25 de Abril

Museu da Resistência na antiga prisão do Aljube abre daqui a um ano

24 abr, 2013

Aljube foi uma prisão política a partir de 1928. A forma de tortura mais usada era o isolamento nos chamados "curros", 14 celas feitas à medida de um homem estendido ao comprido, onde o detido não tinha espaço para se mexer enquanto esperava para ser levado para interrogatórios.

Museu da Resistência na antiga prisão do Aljube abre daqui a um ano
O projecto do futuro Museu da Resistência e Liberdade, na antiga cadeia do Aljube, em Lisboa, foi apresentado esta quarta-feira, faltando um ano e um dia para a sua inauguração, quando a revolução de Abril completar 40 anos.

O Museu do Aljube Resistência e Liberdade pretende "preservar a memória e ser uma transmissão de gratidão a todos aqueles que se bateram contra a ditadura durante 48 anos", realçou o presidente da Câmara, António Costa.

A transformação da antiga cadeia em museu "tem andado mais lentamente do que gostávamos, mas tivemos aqui uma exposição importante, fizemos o projecto de arquitectura, temos o concurso de empreitada feito, está em vias de adjudicação, mas em Portugal hoje não abundam os recursos financeiros e por isso não andamos à velocidade a que gostaríamos", disse António Costa.

O edifício foi entregue em 25 de Abril de 2009 pelo Ministério da Justiça à Câmara de Lisboa, por iniciativa do então ministro Alberto Costa, uma circunstância que o autarca António Costa considerou feliz.

"As circunstâncias hoje são outras. Hoje o Estado tem revelado bastante tendência para transformar em hotéis de charme elementos patrimoniais. Felizmente naquela altura foi possível evitar isso", salientou António Costa.

A obra de conversão do edifício em museu custa cerca de um milhão e meio de euros, financiamento específico contraído pela Câmara no âmbito do programa de reabilitação urbana junto do Banco Europeu de Investimento.

O Aljube foi uma prisão política a partir de 1928, onde eram encarcerados interrogados e torturados pela polícia política os presos do sexo masculino. Nos anos 40 do século passado acolheu muitos dos presos políticos durante a fase de interrogatório, que decorriam geralmente na sede da polícia política (PIDE), na Rua António Maria Cardoso.

A forma de tortura mais usada, segundo testemunhos de detidos, era o isolamento nos chamados "curros", 14 celas feitas à medida de um homem estendido ao comprido, onde o detido não tinha espaço para se mexer enquanto esperava para ser levado para interrogatórios.

O projecto de adaptação da antiga prisão a museu é dos arquitectos Manuel Graça Dias e Egas José Vieira e o programa de conteúdos expositivos está a ser coordenado por uma comissão instaladora que convidou várias personalidades, representadas por António Borges Coelho, ele próprio um ex-detido no Aljube.

O museu pretende "apresentar um retrato alargado da História Contemporânea portuguesa, cobrindo múltiplos aspectos da resistência contra a ditadura e da luta pela liberdade". "Com este passo, a Câmara de Lisboa visa ainda preencher uma lacuna grave no tecido museológico nacional, cumprindo um dever de melhoria e de cidadania", realça a autarquia numa informação escrita sobre o projecto.

No futuro museu será possível ver vestígios arqueológicos e a história do edifício (piso -1), funcionará uma loja do Museu e exposições temporárias (piso 0), uma exposição permanente (pisos 1 e 2), será possível ver uma reconstituição dos "curros" (piso 2), funcionará um centro de documentação (piso 3) e um auditório e cafetaria (piso 4).