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Comemorações do 25 de Abril no Parlamento só com convite

24 abr, 2013

Lugares nas galerias vão ser preenchidos por crianças das escolas básicas. Jardins de São Bento vão estar também fechados, tal como os do Palácio de Belém.

Comemorações do 25 de Abril no Parlamento só com convite
As comemorações do 25 de Abril são ser este ano especialmente controladas. No Parlamento, só entram convidados. Os cidadãos comuns que queiram assistir nas galerias não poderão fazê-lo, uma vez que os lugares disponíveis vão ser preenchidos com crianças de escolas básicas.

A explicação é simples: não cabe toda a gente e para o ano logo se vê. Foi basicamente esta a resposta da presidente da Assembleia da República aos líderes parlamentares sobre a presença de público nas galerias do Parlamento para assistir à cerimónia do 25 de Abril, na quinta-feira.

Assunção Esteves, a pedido do Bloco de Esquerda e do PCP, esclareceu porque é que não haverá lugar para todos os cidadãos interessados. A justificação da presidente da Assembleia é que este ano foi dado o privilégio aos convites às escolas básicas e, por isso, as galerias estão recheadas de crianças para assistir à sessão solene.

Assunção Esteves garante que estarão salvaguardados todos os convites que os grupos parlamentares fizerem. Na conferência de líderes, a presidente da Assembleia deixou uma espécie de aviso à navegação: “Esperamos que todos respeitem a cerimónia do 25 de Abril”.

Os jardins de São Bento vão estar também fechados este ano à população no 25 de Abril, tal como os do Palácio de Belém, que desta vez não organiza actividades comemorativas.

Oposição fala em "medo" e políticos “acossados”
O deputado do PS, José Lello considera que esta forma de manter a população à distância no 25 de Abril mostra que os responsáveis políticos estão “acossados”.

Segundo José Lello, os governantes pretendem evitar “que na visita aos jardins lhes aparecessem lá um grupo de cantares de Grândola ou terem na Assembleia uma cena desse estilo”.

“É postura cautelar de quem está acossado e angustiado”, argumenta José Lello, acrescentando que esta decisão reflecte a posição quer do Governo quer do Presidente da República, quer mesmo da maioria.

O Bloco de Esquerda detecta sinais de medo por parte do poder. A deputada Cecília Honório diz estar “preocupada” com “este vedar do acesso ao público”. “Cremos que é um sinal de um medo que, porventura, alguém venha fazer aí uma grandolada”, diz a deputada. “É um sinal de medo em relação ao povo.”

Para o politólogo António Costa Pinto, não é aceitável que as instituições políticas, numa data tão simbólica como o 25 de Abril, em que se “celebra a festa da democracia”, acabem por se proteger das reacções do povo.

Não é “aceitável”, mas “é a resposta possível e prudente das nossas instituições políticas”, sublinha António Costa Pinto.