"É a pior coisa que pode acontecer na vida"

14 mar, 2012 • Daniel Rosário, em Heverlee

Depois de 22 crianças terem perdido a vida num acidente de viação, sucedem-se as homenagens numa Bélgica que está em luto. Desenhos e flores estão a ser deixados junto à parede de uma escola em Haverlee, onde estudavam algumas das crianças que morreram.

"É a pior coisa que pode acontecer na vida"

Assim que se soube da tragédia ocorrida na terça-feira à noite na Suíça, os alunos da escola primária paroquial de Sint-Lambertus, em Heverlee, foram chamados para uma sala. Aí, os professores contaram-lhes o sucedido e explicaram que entre as 22 crianças que perderam a vida no acidente da véspera, que provocou um total de 28 mortes, se encontravam oito colegas seus e dois professores.

Outras 16 crianças da mesma escola ficaram feridas, algumas com gravidade. Pouco depois a escola encerrou as portas e durante o resto do dia assistiu-se a um desfile de pessoas, a maior parte acompanhada de crianças, que fizeram questão de prestar homenagem às vítimas do acidente.

Ao longo do dia o passeio foi-se enchendo de flores, velas e bonecos de peluche e o portão da escola ficou forrado pelos desenhos de outras crianças.

Um deles foi afixado por um dos três filhos de Anne Sophie. “Sim, é a pior coisa que pode acontecer na vida. Os miúdos iam sair. Eles estavam tão felizes por sair com os seus colegas de turma. Eles estavam tão felizes por sair...”

“Como pais, também estávamos muito felizes, porque é um passo para os deixar a fazer as coisas sozinhos. É tão triste. Sentimo-nos tão mal. É algo de ti que num minuto desaparece e nós sentimo-nos muito mal”, descreveu Anne Sophie à Renascença.

No dia em que toda a Bélgica ficou de luto, em Heverlee, pequena localidade a pouco mais de 20 quilómetros de Bruxelas, faltavam as palavras e sobravam as lágrimas. Emocionada, Joelle juntou as suas rosas brancas às outras flores que dão cor ao passeio.

“É uma tragédia para toda a gente. Eu moro em Heverlee e também sou mãe. Eu entendo. Eu sou professora por isso eu sei que o sentimento dos pais é horrível. É uma pequena cidade, por isso é terrível para toda a gente”, lamenta.

O primeiro-ministro belga, Elio Di Rupo, está actualmente na Suíça, para onde o Governo transportou as famílias das vítimas do acidente. Todos os passageiros do autocarro ficaram feridos e algumas das crianças permanecem em estado de coma, pelo que o balanço final do acidente pode ser ainda mais dramático.