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"Gregos foram apanhados de surpresa com o referendo"

02 nov, 2011 • Dora Pires

Em declarações à Renascença, o português Fernando Santos, que é seleccionador da Grécia, refere que a discussão em torno da saída União Europeia despertou com a questão do referendo.

"Gregos foram apanhados de surpresa com o referendo"
"Os gregos foram apanhados de surpresa" pelo anúncio do referendo que vai decidir se o país vota favoravelmente ou não a um novo plano de apoio internacional. A análise é de Fernando Santos, português que orienta a selecção da Grécia e que trabalha em território helénico há vários anos.

Quanto ao resultado que pode sair do referendo, o treinador português, em declarações à Renascença, não antecipa cenários. Fernando Santos observa que “as pessoas não estarão contra a ajuda - estarão contra a austeridade”. 

Sobre uma eventual saída da Grécia da União Europeia, o treinador português considera que é uma hipótese que só começou a surgir após o anúncio do referendo.

“Não me parece que essa seja uma hipótese que as pessoas ponderem neste momento. Ou pelo menos não ponderavam até aparecer esta questão nova do referendo. Em relação à questão do euro, e já de há uns tempos para cá, havia algumas vozes que falavam nessa possibilidade [da Grécia sair do euro]”, diz Fernando Santos.

“O que me parece claramente é que este é um sentimento daqueles que trabalham por conta de outrem, que sentiram que estão a pagar por alguma coisa que não fizeram”, prossegue o treinador português. “Toda a vida pagaram os seus impostos e por isso não percebem porque é que têm de ser eles a pagar tudo, acrescenta o seleccionador da Grécia. 

Quanto à substituição de todas as chefias militares na Grécia, há quem duvide de coincidências. Há rumores de que poderia estar iminente um golpe militar no país, mas Fernando Santos diz que não passam disso - de rumores. “Neste momento, não passa de uns pensarem de uma maneira e de outras pensarem de outra”, refere. “Não há nada de concreto que leve a afirmar isso.”

Fernando Santos acrescenta ainda que o futebol não escapa à crise na Grécia. Também tem novos impostos sobre o seu salário, mas garante que está para ficar.

A ser realizado, o referendo grego deverá decorrer no próximo mês de Dezembro, de acordo com o pedido do ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Alain Juppé, para acelerar o processo.