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Refugiados. Guterres quer "medidas excepcionais" na Europa porque "a alternativa é o caos"

04 set, 2015 • Eunice Lourenço

A alternativa "é o caos", avisa o alto comissário das nações Unidas para os refugiados, apelando a um "salto" na resposta europeia

Refugiados. Guterres quer "medidas excepcionais" na Europa porque "a alternativa é o caos"
A crise de refugiados que a Europa enfrenta é uma situação excepcional que não se resolve com medidas progressivas, mas com um "salto" na resposta europeia, A ideia foi defendida esta sexta-feira pelo alto comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António Guterres.

"O meu apelo é para que os Estados europeus reconheçam que este é um momento excepcional que exige medidas excepcionais, que a Europa, como um todo, tem de responder com solidariedade e que é também uma batalha de valores em que a Europa não pode falhar", afirmou Guterres, em conferência de imprensa em Genebra.

"A minha expectativa é que haja um salto na resposta europeia no futuro próximo porque a alternativa é o caos, é sofrimento e é óbvio e isso irá gerar uma situação impossível de gerir", disse.

Guterres não tem dúvidas de que este é um caso de vontade e não de dinheiro. "Não acho que seja um problema de financiamento, é claramente um problema de vontade politica e de expressão de solidariedade entre todos os Estados- membros da União Europeia", disse o alto comissário, que termina o seu mandato em Dezembro (e que não será prolongado).

Apesar de a situação ser "dramática", Guterres reconheceu que "as coisas estariam muito piores" se não tivessem sido tomadas duas decisões "fulcrais" pelo Tribunal Europeu dos Direitos Humano: uma decisão que não permite repelir os barcos que se encaminham para a Europa; e a decisão de travar o reenvio de migrantes para a Grécia de acordo com as normas do protocolo de Dublin.

"Estas duas decisões fulcrais são dois princípios básicos que permitem hoje criar as condições que esperamos venham a ser aplicadas em prol de uma resposta europeia eficaz", acrescentou Guterres, voltando ao que para si é, agora, "a questão central": "Enfrentamos circunstâncias excepcionais, precisamos de uma resposta excepcional. Continuar tudo como dantes ou só melhorar gradualmente os mecanismos que já existem não permitem gerir o que é, hoje, uma crise maciça de refugiados e de migração na Europa."

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