Guterres. Refugiados “têm direito a uma Europa mais calorosa”

É urgente. O alto comissário das Nações Unidas para os refugiados pede a criação imediata de centros de acolhimento e de triagem na União Europeia para dar resposta ao fluxo de migrantes e refugiados.

“Se tivermos em conta todos os dramas humanos, vamos perceber que é preciso agir depressa e com eficácia”, afirmou António Guterres na noite de quarta-feira, em Genebra.

O alto comissário reuniu-se com o ministro francês do Interior, Bernard Cazeneuve, e falou no fim do encontro, pela primeira vez, sobre a drama dos refugiados.

“Se pensarmos que, por exemplo, hoje, no Líbano, refugiados sírios e palestinianos são um terço da população, é evidente que a Europa tem dimensão e capacidade de responder ao desafio, para o qual se deve unir e assumir conjuntamente a responsabilidade”, defendeu.

António Guterres considera ainda necessário acautelar de imediato questões essenciais como a recepção, o registo e a reinstalação das pessoas deslocadas e sublinha a importância de acelerar e intensificar as decisões tomadas pelo Conselho Europeu relativo à Agenda para as Migrações.

O alto comissário acredita que a Europa é capaz de dar resposta ao problema, desde que haja partilha de responsabilidade.

“Eles precisam e creio que têm direito a uma Europa mais calorosa, capaz de os receber e integrar”, concluiu.

De acordo com números do ACNUR, apresentados por António Guterres, desde o início do ano, 293.000 migrantes e refugiados tentaram chegar à Europa através do Mediterrâneo. Mais de 2.400 morreram pelo caminho.

A fronteira entre a Hungria e a Sérvia é uma das portas de entrada. Só entre segunda e terça-feira, mais de 4.500 refugiados deram entrada em solo húngaro. O fluxo migratório não tem precedentes desde a II Guerra Mundial.