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Atentado na Turquia: José esqueceu-se da máquina no carro. Isso salvou-lhe a vida

20 jul, 2015 • Filipe d'Avillez

Voluntário português estava em Suruc, onde morreram 30 pessoas, num atentado que se suspeita ser da autoria do Estado Islâmico.

Atentado na Turquia: José esqueceu-se da máquina no carro. Isso salvou-lhe a vida
Se não fosse ter-se esquecido da máquina fotográfica no carro, o português José Sampaio poderia ter sido um dos mortos do atentado de segunda-feira. Pelo menos 30 pessoas morreram em Suruc, na Turquia.

O português de 23 anos, natural de Braga, encontra-se em Sanliurfa, na Turquia, com o Serviço de Voluntariado Europeu e estava precisamente em Suruc quando se deu o atentado.

“Tive de me dirigir a Suruc por haver voluntários da Turquia que iam à Síria dar apoio a crianças e ajudar a pintar um hospital. Na altura estava com eles, mas tive de me deslocar ao carro para ir buscar a máquina fotográfica. Cerca de um minuto depois de ter deixado o local ouvi uma grande explosão e eram pessoas a correr por todo o lado”, recorda, em declarações à Renascença.

“Voltei para lá e vi várias pessoas deitadas no chão, algumas já sem vida, muitos feridos. Ainda tentei ajudar alguns dos que estavam no chão, até que chegou a emergência médica.”

Entre os pelo menos 30 mortos encontram-se o seu coordenador, que o acompanhava em Suruc, e outro amigo de 28 anos que também estava com eles. Não há indicação de que qualquer outro português estivesse no local. Para além das vítimas mortais, contam-se mais de 100 feridos.

Quando ouviu a explosão, José confessa que não se apercebeu logo que se tratava de um atentado. “Inicialmente parecia uma coisa tirada de um filme. Na altura não deu para me aperceber que tinha sido um atentado. Quando cheguei mais perto e vi aquele panorama, aí comecei a aperceber-me que provavelmente tinha sido uma bomba, que qualquer coisa tinha explodido ali.”

O jovem português já foi contactado pela embaixada portuguesa na Turquia e também teve oportunidade de conversar com a sua família, a quem pôde dizer “não me aconteceu nada e ainda estou inteiro.”

O atentado ainda não foi reivindicado, mas suspeita-se do Estado Islâmico.

O primeiro-ministro turco já disse que a segurança na fronteira com a Síria foi aumentada.


José Sampaio, de camisola encarnada, na Turquia. Entre as vítimas contam-se o seu coordenador (atrás, de barba) e um amigo (à frente, com óculos espelhados)