Parlamento grego aprova resgate com mais austeridade

15 jul, 2015

Primeiro-ministro, Alexis Tsipras, avisou que escolha seria entre o acordo com os credores e a bancarrota e a saída do euro.

Parlamento grego aprova resgate com mais austeridade
O Parlamento grego aprovou esta quarta-feira à noite o acordo com a zona euro para um terceiro plano de resgate, com 229 votos a favor, 64 contra e seis abstenções. O programa com mais medidas de austeridade e reformas polémicas em vários sectores recebeu "luz verde" dos deputados após várias horas de intenso debate.

O Parlamento grego aprovou esta quarta-feira à noite o acordo com a zona euro para um terceiro plano de resgate, com 229 votos a favor, 64 contra e seis abstenções. 

O programa com mais medidas de austeridade e reformas polémicas em vários sectores recebeu "luz verde" dos deputados após várias horas de intenso debate.  

Entre os deputados que votaram contra está o antigo ministro das Finanças, Yanis Varoufakis, que esta quarta-feira comparou o acordo a um "novo Tratado de Versalhes". O ministro da Energia, Panagiotis Lafazanis, e a presidente do Parlamento, Zoe Konstantopoulou, também rejeitaram o entendimento.

Um total de 39 deputados do Syriza e dos Gregos Independentes, os partido da coligação no poder, rejeitaram o acordo com as instituições internacionais, avança a comunicação social grega.

À saída do Parlamento, o ministro da Energia disse aos jornalistas que continua a apoiar o Governo, apesar do voto contra, e não defende a realização de eleições antecipadas. Panagiotis Lafazanis admite colocar o lugar à disposição, se for essa a vontade do primeiro-ministro.

Tsipras não se demite. Remodelação pode avançar
O primeiro-ministro, Alexis Tsipras, considera que tem condições para continuar no cargo apesar da contestação interna, avança fonte oficial do Governo à comunicação social grega.

Tsipras acredita que vai conseguir manter a unidade do executivo e admite contar com o apoio de deputados da oposição, quando for necessário.

Em cima da mesa poderá estar uma eventual remodelação governamental, para afastar os ministros "rebeldes" e descontentes com o acordo e o rumo seguido pela liderança de Tsipras.

Num último apelo dramático no Parlamento, o primeiro-ministro pediu esta quarta-feira responsabilidade aos representantes dos vários partidos. A escolha seria entre o acordo com os credores e a bancarrota e a saída da moeda única, alertou.

“Nós não acreditamos no acordo, mas somos obrigados a adoptá-lo”, afirmou o chefe do Governo de Atenas.

Tsipras acredita que não perdeu o apoio da sociedade grega e nem vai perder esta quarta-feira à noite o apoio do Parlamento. O que acabou por se confirmar.

Na sua intervenção perante os deputados, o primeiro-ministro afirmou que o alívio da dívida da Grécia, como defende o Fundo Monetário Internacional (FMI), é a única saída para a crise dos últimos anos.

Enquanto os deputados debatiam a proposta de acordo com os credores, a praça Sintagma, em frente ao Parlamento, foi palco de confrontos entre a polícia e manifestantes anti-sistema e anti-austeridade, que resultaram em pelo menos meia centena de detenções.

A autorização do Parlamento grego era o passo que faltava para o terceiro resgate avançar. O acordo entre o Governo de Atenas e os restantes países da zona euro foi alcançado na segunda-feira de manhã, após uma cimeira de 17 horas.

O terceiro resgate financeiro à Grécia dos últimos seis anos poderá chegar aos 86 mil milhões de euros, de acordo com as mais recentes estimativas dos credores internacionais.

Aumento de impostos, reforma do sistema de pensões com aumento da idade da reforma e possíveis cortes, cortes na despesa do Estado, plano de privatizações no valor de muitos milhões de euros, liberalização da economia e recapitalização dos bancos são algumas das condições do novo programa.

O acordo ainda tem de ser aprovado pelos parlamentos de cinco países da zona euro. O próximo passo deverá ser um programa-ponte, de cerca de sete mil milhões de euros, para que a Grécia possa pagar empréstimos em atraso ao FMI e ao Banco Central Europeu.